"Negativo.
A autarquia continua a ignorar quem anda a pé diariamente pela cidade. A evolução para um novo paradigma de mobilidade não foi apropriada pelos decisores (eles próprios parece que não andam a pé….), os projetos e obras beneficiam sempre os automobilistas e esquecem os peões. Falta atenção ao detalhe, desde o nivelamento dos passeios às estratégias que levam as pessoas a usar mais a bicicleta. A abertura de novas superfícies comerciais em zonas afastadas do centro cívico mostra que o planeamento urbano é marcado pelo “interesse comercial”. Falta ainda uma verdadeira política de cidade. A confusão urbanística continua presente, moradias são “abafadas” por prédios com 4 andares; espaços verdes são transformados em parques de estacionamento.
Isto em 2017, mais de 30 anos após a Figueira ter sido desfigurada (o Edifício Trabalho é dessa época) por um urbanismo pobre, condicionado pelos interesses privados que “capitalizaram cada metro quadrado” que lhes foi entregue.
Positivo.
O PDM, aprovado em 2017, veio reduzir a zona urbana em 47% face ao anterior e limitar muito a construção nova na zona urbana. O mesmo se aplica às zonas rurais, onde é necessário restringir as zonas urbanizadas. Precisamos de contrariar os erros do passado que levaram a situações de dispersão urbana com custos elevadíssimos, desde uma rede de águas sobredimensionada até aos custos em manutenção de estradas e iluminação pública.
A todos os leitores votos de Bom Ano de 2018."
Via AS BEIRAS
António Agostinho, o autor deste blogue, em Abril de 1974 tinha 20 anos. Em Portugal havia guerra nas colónias, fome, bairros de lata, analfabetismo, pessoas descalças nas ruas, censura prévia na imprensa, nos livros, no teatro, no cinema, na música, presos políticos, tribunais plenários, direito de voto limitado. Havia medo. O ambiente na Cova e a Gala era bisonho, cinzento, deprimido e triste. Quase todas as mulheres vestiam de preto. O preto era a cor das suas vidas. Ilustração: Pedro Cruz
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