"Santana Lopes não tem a coragem necessária para se declarar candidato à liderança do PSD e, consequentemente, abandonar o conforto da Santa Casa. Sem sondagens mais próximas das próximas eleições legislativas e sem ter o partido na mão, Santana Lopes precisa de entreter o país durante o máximo tempo possível, para que corra menos riscos na hora de se decidir. Assim, vai mantendo o PSD debaixo de olho, enquanto aguarda a garantia de que o seu mandato à frente da Santa Casa será renovado, mata dois coelhos com a mesma cajadada.
A melhor forma de entreter o PSD durante mais uns meses é adiar o mais possível a questão da liderança, propondo que em vez de se escolher um líder de debata o programa. Enfim, há formas muito estranhas e originais de cobardia política.
Se Santana Lopes fosse um político corajoso faria pelo seu partido e pelo país o que em tempos fez pelo SCP: decidiu disputar a sua liderança, sem truques e adiamentos. Santana concorreria à liderança do PSD e incluiria como proposta uma revisão do programa do partido, que ele próprio conduziria. Mas Santana Lopes opta por um truque para se certificar de que não fica a perder. Adopta o velho princípio oportunista e cobarde de que é melhor um pássaro na mão do que dois a voar."
Quanto a Rui Rio já se sabia do que a casa gasta.
"Foi preciso Montenegro e Rangel desistirem e Santana dizer que ia brincar aos programas para que Rui Rio tivesse coragem de mandar anunciar a sua candidatura à liderança do PSD." (Via Jumento)
«Pedro Santana Lopes admite que está a “cuidar” do programa para o Partido Social Democrata (PSD), escreveu na sua crónica semanal no Correio da Manhã publicada hoje. Sob o argumento de que “o PPD/PSD não nasceu para ser segundo de ninguém” e de que o país precisa de crescer e melhorar, o social democrata assume que “nesta fase, os programas são muito importantes” – “é disso que estou a cuidar estes dias“, escreve.
O atual provedor da Santa Casa e ex-autarca justifica esse envolvimento com o novo programa por receber muitos apelos para o seu regresso e por se considerar um homem de ação. “Sou mais de ação, sou mais de agir e, desculpem a presunção, mas nas três casas que dirigi com algum tempo até hoje, têm querido que eu regresse ou que eu continue: falo da Figueira, de Lisboa e da Santa Casa.” E reforça: “têm valor os que acrescentam valor… Juventude, trabalhadores, empresários, autarcas, investigadores, os que vão por projetos. Eu também sou assim.”
Sobre Pedro Passos Coelho, Santana refere que o PSD “viu sair o seu líder que fez um trabalho digno de muito reconhecimento”. O grande desafio, acrescenta, "é escolher a solução capaz de enfrentar um adversário muito poderoso de quem neste momento se diz com condições de conseguir uma maioria absoluta nas próximas eleições legislativas.” Para isso, defende a recuperação de “muitos que estão fora da vida política ativa, nomeadamente fora de Portugal”, mas que “são grandes quadros e que têm ser aproveitados”.» [Observador]
António Agostinho, o autor deste blogue, em Abril de 1974 tinha 20 anos. Em Portugal havia guerra nas colónias, fome, bairros de lata, analfabetismo, pessoas descalças nas ruas, censura prévia na imprensa, nos livros, no teatro, no cinema, na música, presos políticos, tribunais plenários, direito de voto limitado. Havia medo. O ambiente na Cova e a Gala era bisonho, cinzento, deprimido e triste. Quase todas as mulheres vestiam de preto. O preto era a cor das suas vidas. Ilustração: Pedro Cruz
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