Já li muitos poetas,
já reli muita poesia.
Coisas belas e algumas petas
e muita fantasia.
Pessoa, dizem, não tinha sentimentos.
Não chorava,
tinha momentos
de embaraço,
mas era um lógico das emoções
e do cansaço
das criações.
Cada homem tem a sua parte de razões
Junqueiro dizia que tinha mil almas.
Neste momento, nas calmas
estou a assistir à prestação de contas,
pedido por um Hugo Soares em pontas.
As estrelas confundem-me,
mas não me fazem dormir.
Neste momento, muito menos sorrir...
O debate parlamentar acabou de começar,
já me está a enojar...
Soares, que não deve gostar de poesia,
começou logo por dizer ao que ia...
António Agostinho, o autor deste blogue, em Abril de 1974 tinha 20 anos. Em Portugal havia guerra nas colónias, fome, bairros de lata, analfabetismo, pessoas descalças nas ruas, censura prévia na imprensa, nos livros, no teatro, no cinema, na música, presos políticos, tribunais plenários, direito de voto limitado. Havia medo. O ambiente na Cova e a Gala era bisonho, cinzento, deprimido e triste. Quase todas as mulheres vestiam de preto. O preto era a cor das suas vidas. Ilustração: Pedro Cruz
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