Ontem, ia sendo mal interpretado.
Durante a tarde, por afazeres mais interessantes, o que se passava ao meu redor passou-me completamente ao lado.
Tive um sábado normal, com as coisas boas e as aborrecidas do costume.
Mas, há muito que aprendi a lidar com isso.
Foi um sábado: portanto, como habitualmente não liguei ao futebol.
Contudo, quando chegou ao princípio da noite fui tomar café ao sítio do costume.
Dei conta que estava a jogar o Sporting contra uma equipa que equipava de amarelo.
Olhei para o televisor e verifiquei que o "meu" Sporting estava a vencer.
Do mal o menos: ao final da tarde de um sábado e sem o fim de semana estragado!..
Como não sabia, perguntei: "e o Benfica já jogou?"
Que raio de pergunta que eu fiz!..
"És sempre o mesmo"... foi a resposta.
"Porquê", ripostei eu com aquela carinha de anjinho que uso para certas ocasiões...
"Então tu não sabes que o Benfica perdeu com o Boavista?", foi a resposta que obtive...
Por acaso não sabia mesmo...
Depois veio a parte racional: "o quê o Benfica perdeu? Deve ser sido só porque o Jonas não meteu a bola dentro da baliza, nada de especial, é um jogo, não faz sentido levar tão a peito".
Pior a emenda... Por acaso, soube depois, não foi o Jonas que não marcou, foi o Varela que deu um frango!...
A partir de hoje não pergunto mais o resultado do Benfica: dispenso tantos nervos das almas sensíveis...
António Agostinho, o autor deste blogue, em Abril de 1974 tinha 20 anos. Em Portugal havia guerra nas colónias, fome, bairros de lata, analfabetismo, pessoas descalças nas ruas, censura prévia na imprensa, nos livros, no teatro, no cinema, na música, presos políticos, tribunais plenários, direito de voto limitado. Havia medo. O ambiente na Cova e a Gala era bisonho, cinzento, deprimido e triste. Quase todas as mulheres vestiam de preto. O preto era a cor das suas vidas. Ilustração: Pedro Cruz
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