"Em boa verdade não acho possível viver numa sociedade sem partidos políticos, no entanto …
Em altura de eleições os partidos políticos entram num frenesim para comporem as suas listas de candidatos. Seja qual for o partido politico, ou os seus órgãos internos de decisão ou regulamentos ou estatutos, o processo é idêntico…
Trata-se de um difícil exercício para contentar militantes. Salvo raras e honrosas excepções em que o mérito e a notoriedade assistem à decisão de “convidar” alguém, as escolhas baseadas no mérito individual de cada um são inexistentes. Os partidos políticos não têm a veleidade de apresentarem nomes de gentes capazes, o importante é incluir os militantes “aparelhistas”, para mobilizarem as suas máquinas partidárias.
Assiste-se a jogadas de bastidores, digladiam-se egos, fazem-se uns “agradinhos” aqui e acolá que ajudam a silenciar os discordantes trazendo-os para o “lado certo”. Muito raramente o mérito, a competência, ou a capacidade para encabeçar um projecto, servem os seus propósitos eleitorais. As recandidaturas são apenas a consequência da escolha anterior, sejam elas boas ou más, não há avaliação nem escrutínio interno...
A escolha política obedece a um “processo de seleção natural”, é o “Darwinismo” em que as espécies que forem mais aptas e se adaptarem mais facilmente evoluem e multiplicam-se, aqueles que não forem capazes de se adaptar a estes jogos, a prazo são extintos…"
O Darwinismo Político - I, uma crónica de Isabel Maranha Cardoso, economista.
Nota de rodapé.
Para estas eleições, recebi convite de três forças políticas, para fazer parte das respectivas listas.
Por motivos que só a mim interessam, mas que têm muito a ver, genericamente, com o que a crónica de Isabel Maranha acaba por focar, não aceitei, nem fui aceite...
O que, diga-se em abono da verdade, foi um enorme alívio, creio que para todos, mas, e essa é a parte que me interessa, em especial para mim.
Quanto maior se prevê que venha a ser dor, maior é o alívio...
Há algo que sempre me desconcertou na elaboração das listas concorrentes a eleições.
Há qualquer coisa de irreal, que nada tem a ver comigo, nem com aquilo que me move e em que acredito.
Bom, é apenas a minha opinião, se é que sobre estas questões, para um cidadão comum, é possível ter opinião...
António Agostinho, o autor deste blogue, em Abril de 1974 tinha 20 anos. Em Portugal havia guerra nas colónias, fome, bairros de lata, analfabetismo, pessoas descalças nas ruas, censura prévia na imprensa, nos livros, no teatro, no cinema, na música, presos políticos, tribunais plenários, direito de voto limitado. Havia medo. O ambiente na Cova e a Gala era bisonho, cinzento, deprimido e triste. Quase todas as mulheres vestiam de preto. O preto era a cor das suas vidas. Ilustração: Pedro Cruz
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