A obra de defesa costeira da freguesia de S. Pedro, que a Agência Portuguesa do Ambiente (APA) lançou a concurso em área fora da sua jurisdição, vai avançar e estará concluída antes da época balnear, disse fonte portuária.
A intervenção inclui a reconstituição da chamada duna do Cabedelo – uma duna artificial, um paredão entre o início do molhe sul do rio e um campo de futebol, construído na década de 1960 para protecção de um antigo bairro de pescadores que ali existia e hoje coberto de areia, anexa ao areal – e a construção de um muro de suporte e enrocamento adjacente ao molhe sul do porto comercial, bem como de acessos à praia do Cabedelo.
Em declarações prestadas ontem à agência Lusa, a que tivemos acesso via Figueira TV, no final de quase três horas de reunião entre a autarquia da Figueira da Foz, a APA e a administração portuária, o presidente da Administração do Porto da Figueira da Foz (APFF), Braga da Cruz, disse que a intervenção “é para ficar concluída até 15 de junho”.
“Foi importante esta reunião, confirmámos a sintonia entre todas as entidades face ao projeto concreto, que reúne condições para ir para o terreno”, adiantou Braga da Cruz, remetendo mais explicações sobre a obra costeira para a Agência Portuguesa do Ambiente.
A obra, que foi alvo de concurso público (cujo prazo de recepção de propostas terminou em janeiro e que, segundo fontes da autarquia, já foi adjudicada), foi um dos temas da reunião hoje realizada, tendo a APA apresentado o projecto à administração portuária, que tem a tutela daquele território e o desconhecia.
“Também tinha de ser apresentada à administração do porto, na medida em que ainda mantém a tutela sobre aquele espaço”, disse, por seu turno, o presidente da Câmara da Figueira da Foz, João Ataíde.
O autarca disse ainda desconhecer os prazos da obra e não se mostrou preocupado que esta possa vir a decorrer na época balnear, numa das praias mais concorridas da Figueira da Foz, à qual afluem milhares de pessoas por dia.
“Acho que a intervenção será imediata. Normalmente, há sempre essa cautela [com o calendário], nunca se fizeram obras no decurso da época balnear. Mas, para o que [ali] está, tudo o que se possa vir a fazer seguramente que fica muito melhor”, argumentou.
No entanto, a anunciada intervenção, cujo projecto não foi tornado público, tem vindo a causar apreensão nos utilizadores da praia do Cabedelo – um dos principais destinos nacionais para a prática do surf – e nos concessionários da zona, quer em relação à tipologia dos trabalhos, quer sobre o calendário da obra.
Em causa está o receio de que a reconstituição dunar possa vir a ser efetuada com a retirada de areia da própria praia – a exemplo do que sucedeu em 2015, na construção de uma duna artificial, poucos quilómetros a sul do Cabedelo, que tem vindo a ser destruída pelo mar nos dois últimos invernos – e também que o próprio muro de proteção tenha efeitos negativos na onda preferida dos surfistas da zona.
Questionado pela Lusa à saída da reunião, o vice-presidente da APA, António Sequeira Ribeiro, recusou falar sobre o encontro de hoje e aspectos relacionados com a obra.
“A APA não tem problemas [em prestar declarações]. Eu é que não quero falar”, declarou.
António Agostinho, o autor deste blogue, em Abril de 1974 tinha 20 anos. Em Portugal havia guerra nas colónias, fome, bairros de lata, analfabetismo, pessoas descalças nas ruas, censura prévia na imprensa, nos livros, no teatro, no cinema, na música, presos políticos, tribunais plenários, direito de voto limitado. Havia medo. O ambiente na Cova e a Gala era bisonho, cinzento, deprimido e triste. Quase todas as mulheres vestiam de preto. O preto era a cor das suas vidas. Ilustração: Pedro Cruz
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