Durante 20 anos, vinte, na opinião dos políticos locais, fomos os maiores da cantareira - que o mesmo é dizer, do concelho!..
Não tivemos a crise, a recessão, não havia fome, nem desemprego! Muito menos, carências a nível de estruturas locais: é ver as piscinas e os campos sintéticos de futebol de 11 que por aí existem aos pontapés, não temos buracos nas estradas, nem nos parques de estacionamento gratuitos (onde se paga é outra loiça...). Muito menos, temos um problema chamado "erosão costeira"...
A Aldeia esteve na "vanguarda do desenvolvimento concelhio"...
Maravilha!
Mas parece que, de repente, desabou o céu sobre as nossas cabeças. Chora meia Aldeia, enquanto eu me rio estridentemente: durante 20 anos, vinte, não se fez a unificação das Colectividades!
Fome, crise, desemprego, tempo de espera na urgência do hospital, acidentes de viação em cruzamentos manhosos, erosão costeira, crise da política, fila e outros problemas no centro de saúde, ruas sujas e com buracos, falta de condições e recursos vários para promover a cultura e o desporto...
Confesso-me com saudades de ouvir falar nisto!
Obrigado Figueira, por devolveres à minha Aldeia o ego habitual...
Afinal, somos uma Aldeia de tradições!..
António Agostinho, o autor deste blogue, em Abril de 1974 tinha 20 anos. Em Portugal havia guerra nas colónias, fome, bairros de lata, analfabetismo, pessoas descalças nas ruas, censura prévia na imprensa, nos livros, no teatro, no cinema, na música, presos políticos, tribunais plenários, direito de voto limitado. Havia medo. O ambiente na Cova e a Gala era bisonho, cinzento, deprimido e triste. Quase todas as mulheres vestiam de preto. O preto era a cor das suas vidas. Ilustração: Pedro Cruz
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