O secretário de Estado do Tesouro e Finanças foi interrompido, na passada sexta-feira, no Parlamento, por protestos da bancada do PSD, depois de dizer que o deputado social-democrata António Leitão Amaro tem um "profundo desconhecimento do RGIC [Regime Geral das Instituições de Crédito] ou uma disfuncionalidade cognitiva temporária".
O PSD ficou muito ofendido, a meu ver, sem razão, pois o governante limitou-se a sublinhar o desconhecimento técnico de Leitão Amaro da matéria em debate.
O secretário de Estado do Tesouro limitou-se a dizer, para todos perceberem, o seguinte: que o deputado estava sendo temporariamente parvo.
Será que a razão de ser do ruído do PSD teve a ver com a discordância sobre "o carácter temporário da disfuncionalidade"?..
* - título da postagem inspirado aqui.
António Agostinho, o autor deste blogue, em Abril de 1974 tinha 20 anos. Em Portugal havia guerra nas colónias, fome, bairros de lata, analfabetismo, pessoas descalças nas ruas, censura prévia na imprensa, nos livros, no teatro, no cinema, na música, presos políticos, tribunais plenários, direito de voto limitado. Havia medo. O ambiente na Cova e a Gala era bisonho, cinzento, deprimido e triste. Quase todas as mulheres vestiam de preto. O preto era a cor das suas vidas. Ilustração: Pedro Cruz
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