Em 2010, no dia 10 de fevereiro, publiquei uma postagem citando Agostinho da Silva.
Uma tarde destas, com o mar em fundo, mantive uma interessante conversa, talvez de horas, com um Amigo, ainda jovem, culto e interessado pela política, sobre Liberdade.
Discutimos abertamente, mas não chegámos totalmente a acordo sobre o que é a Liberdade.
A discordância, no essencial, a meu ver, passou pelo seguinte: que Liberdade?
Em Portugal, em teoria, temos a liberdade de opinião...
(Que não está totalmente garantida, pois as pessoas têm medo de se manifestar publicamente, pelas mais variadas razões, nomeadamente pelos constrangimentos pessoais e profissionais de que podem vir a ser vítimas.)
Em teoria, temos a liberdade política...
(Com imperfeições está mais ou menos acessível a todos, embora saibamos dos constrangimentos que existem para quem se candidata ou é apoiante de determinados partidos...)
Temos a liberdade de circulação...
E a liberdade económica?..
Essa, a meu ver, cada vez está com mais constrangimentos.
Essa, quanto a mim, é a grande lacuna da democracia portuguesa.
A diferença de opinião entre pessoas nunca deveria ser motivo de crispação.
A diversidade, a meu ver, é que é fecunda.
Preocupante, é o que se verifica na Aldeia e na Figueira, que é, simplesmente, o menor respeito pela opinião discordante.
Vivemos novo tempo. Até na Aldeia e na Figueira, estamos no tempo da globalização do pensamento, o que, salvo melhor opinião, é negativo, já que ao conduzir ao pensamento único, estreita, diminui e empobrece as soluções possíveis para os problemas agudos que vivemos...
Diga-se, porém, de passagem: o que não deixa de interessar a alguns...
Preocupa-me a falta de opinião informada...
Mas, também, me preocupa o facto de as pessoas desconhecerem e, mais que isso, não quererem saber de factos fundamentais para a sua vida.
Este alheamento, penso eu, é preocupante...
António Agostinho, o autor deste blogue, em Abril de 1974 tinha 20 anos. Em Portugal havia guerra nas colónias, fome, bairros de lata, analfabetismo, pessoas descalças nas ruas, censura prévia na imprensa, nos livros, no teatro, no cinema, na música, presos políticos, tribunais plenários, direito de voto limitado. Havia medo. O ambiente na Cova e a Gala era bisonho, cinzento, deprimido e triste. Quase todas as mulheres vestiam de preto. O preto era a cor das suas vidas. Ilustração: Pedro Cruz
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