Até à passada sexta-feira, o púlpito do plenário da Assembleia da República nunca tinha sido usado por um deficiente motor.
Jorge Falcato, o deputado eleito pelo BE, experimentava pela primeira vez as plataformas criadas para permitir o acesso a deputados com deficiência motora.
Este deputado, voltou a trazer ao debate parlamentar a questão do apoio às pessoas com deficiência. Falcato bate-se pelo apoio directo à pessoa deficiente, dando-lhe a possibilidade de ter um vida independente, de poder escolher quem a pode ajudar e em que condições. Quer isto dizer, que o actual paradigma de institucionalizar a pessoa, seria substituído com base na implementação desse conceito.
Falcato, neste período em que se discute o Orçamento, aproveitou para questionar o Governo sobre o que vai acontecer, nesta matéria, em 2017.
Esta sua intervenção, assinalou a primeira vez que um deputado com mobilidade reduzida, que se desloca em cadeira de rodas, subiu ao púlpito para discursar.
Talvez para ficar o testemunho de como é muito mais difícil a vida destas pessoas, o momento ficou marcado por um acidente, sublinhe-se, provocado pelo facto de a cadeira de rodas do deputado não estar travada e não por ter havido um erro na construção da plataforma elevatória.
Sexta-feira passada, foi um dia marcante para os cidadãos com deficiência e para os que defendem uma sociedade mais inclusiva e mais justa.
Esperemos que o Orçamento para o próximo ano contemple as expectativas que estão criadas.
António Agostinho, o autor deste blogue, em Abril de 1974 tinha 20 anos. Em Portugal havia guerra nas colónias, fome, bairros de lata, analfabetismo, pessoas descalças nas ruas, censura prévia na imprensa, nos livros, no teatro, no cinema, na música, presos políticos, tribunais plenários, direito de voto limitado. Havia medo. O ambiente na Cova e a Gala era bisonho, cinzento, deprimido e triste. Quase todas as mulheres vestiam de preto. O preto era a cor das suas vidas. Ilustração: Pedro Cruz
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