terça-feira, 6 de setembro de 2016

Por vezes, acabamos por ser os nossos principais adversários, sem nos darmos conta...

Uma parte da realidade, não é a realidade: é uma outra realidade. 
Quando a história não está toda contada, é uma outra história. 
A realidade é apenas aquilo de que nos apercebemos.
Eliot tinha uma visão mendeliana da cultura. Tal como ele, também desconfio do sucesso junto do figueirense real, da transmissão imediata das qualidades culturais do cinema por parte de uma elite citadina. 
Santana Lopes ao contribuir para interromper o Festival de Cinema da Figueira deu um golpe na cultura cinematográfica local de que vai ser difícil recuperar.
Entretanto, a Figueira engordou e a satisfação de necessidades culturais enfraqueceu.
Na Figueira, a esmagadora maioria do people que conheço, precisa tanto de cinema como de um buraco no sapato no inverno. 

Recorde-se, que ao longo dos anos, ficaram impunes as censuras praticadas contra José Vieira Marques e o seu Festival Internacional de Cinema da Figueira da Foz (que respondeu, continuando… tentando continuar a organizar esse Festival de Cinema até onde pôde… e ainda conseguiu até à 31ª edição, em 2002…)
Na Figueira, a cultura não é amada. É só desejada.
As elites culturais da cidade desapareceram e os "agentes culturais" esperam agora que um autarca os satisfaça. 
Mas a decadência, já explicava Hesíodo, apenas acrescenta valor ao trabalho, e a cultura é coisa de ociosos. 
E um vereador da cultura tem muito trabalho. E já com sete anos de poder executivo está, compreensivelmente, extenuado e desiludido.
Portanto, nada de mais natural que um político desiludido dos homens, procure conforto nos livros...

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