quinta-feira, 8 de setembro de 2016

"Obras no areal da praia vão entrar na fase de acabamento" e "de um modo geral as pessoas gostam", disse o vereador Carlos Monteiro...

Com o fim à vista da época balnear, os trabalhos de intervenção no areal da praia vão recomeçar, com «a continuação das passagens pendentes, - já que alguma madeira não chegou em tempo útil -, acabar os passadiços e iniciar as plantações», explicou ao Diário de Coimbra, o vereador das obras municipais, admitindo que a fase da vegetação «poderá ser mais tarde, dependendo das condições do clima». Carlos Monteiro adianta que «estamos a entrar na fase de acabamentos. Está tudo a decorrer como o previsto», frisou o autarca, que diz compreender que seja «uma intervenção que pode não agradar a todos, mas de um modo geral, as pessoas gostam», disse, apesar de admitir que existem «coisas a afinar», mas que só serão detectadas «com o uso». As obras no areal da praia ascendem aos 2 milhões de euros, comparticipados em 74% por fundos do Turismo (contrapartidas de jogo).

Nota de rodapé.

Senhor vereador Carlos Monteiro, permita que lhe diga, que ao contrário do que afirma no jornal acima citado, isto não está a decorrer como o previsto.
O previsto, já em 1958, antes do início das obras dos molhes, era que o LNEC antevia o que posteriormente se veio a comprovar: o enorme  aumento  da praia  da Figueira da Foz devido à construção do molhe norte, uma vez que funciona como uma barreira ao forte transporte de areias que se faz sentir ao longo da costa de norte para sul.   
O excessivo crescimento da praia de banhos da Figueira, em todas as soluções ensaiadas, tornou-se altamente prejudicial à manutenção de boas profundidades no canal da barra, referindo-se que “no caso da Figueira da Foz, qualquer canal que venha a ser dragado, e de que resulte uma secção molhada muito superior à que actualmente existe, não se manterá logo que as areias comecem a contornar o molhe norte".
Este  fenómeno  de  assoreamento  do  estuário  é  facilmente  compreendido através da análise da passagem de areias que ocorre da praia a norte para a praia  a  sul do rio Mondego e pela explicação de como se forma o banco da barra  (banco de areia que se forma em frente à Foz do rio Mondego, altamente prejudicial para a navegabilidade do porto)

Na enchente as areias entram dentro do estuário donde são em parte ou na totalidade expelidas na vazante para fora do estuário depositando-se a uma distância maior ou menor consoante o coeficiente da maré e a amplitude da vaga. Só após o banco da barra ter atingido uma certa cota é que se começa a dar a passagem para as praias a sul. Neste caso, as areias expelidas pela vazante para o banco da barra caminham sob a acção das correntes de maré e da vaga para a praia a sul.
Uma  vez que a  areia tenha contornado a testa do molhe norte começará a caminhar ao longo da face interior do molhe. Forma-se, assim, um princípio  de cabedelo que se vai pouco a pouco desenvolvendo até que as correntes de vazante começam a erodi-lo e a transportar o material arrancado para fora das testas do molhes depositando-o na zona do futuro banco da barra.

Por  razões desconhecidas para Manuel Traveira (tive acesso a uns sub- capítulos duma tese do arquitecto figueirense Manuel Traveira, sobre a questão dos molhes...), eventualmente explicadas pelo conteúdo de outros estudos aos quais não teve acesso, a construção dos molhes não seguiu importantes recomendações  apontadas  pelo  LNEC.  
A saber: o  traçado  curvo  do  molhe norte com a sua testa no alinhamento do antigo molhe sul (molhe velho), possibilitando uma maior protecção do estuário contra a penetração da vaga no seu interior; o molhe sul recuado (250  metros)  em relação ao molhe norte com  vista  a  facilitar a transposição natural das aluviões da margem norte do rio para as praias a sul; a construção de uma guia submersa no prolongamento do molhe velho, a fim de assegurar um traçado mais regular e com melhores profundidades.

Portanto, a barra e a praia da Figueira estão assim por vontade dos homens.
Basta de tanta mentira.
É urgente demonstrar às pessoas que existe um problema muito grave mas que tem solução. 
"Qualquer que seja a solução para consolidar as areias a norte, será uma certidão de óbito para a Figueira da Foz, porque a praia vai continuar a crescer".

1 comentário:

Anónimo disse...

Até que enfim que vejo escrito de uma forma objectiva e em poucas linhas a questão da praia do seu assoreamento, da praia em si, do porto...).
Havia mais gente com que me cruzei na vida que dizia o mesmo mas não o escrevia.
Cumps
JM