"Uma patrulha da GNR do Porto encontrou uma bolsa de senhora, perdida no meio da A42, entre Lousada e o Porto, que continha 990 euros. A proprietária da carteira já foi, entretanto, localizada e recebeu a carteira de volta."
Portugal está habituado ao discurso redondo de treinador de futebol, tipo:
"Estamos a trabalhar com dignidade, com humildade e de forma séria...
É um plantel muito sério, muito digno e muito humilde que trabalha com muita honra e profissionalismo e dignidade...
E, claro, seriedade também...
Os bons resultados vão aparecer".
Nota de rodapé.
"BRAVO!!!
Percebe-se que a fasquia da dignidade de um país desceu a um nível extremamente crítico de tão baixo… quando o facto de a polícia entregar à dona uma carteira perdida, contendo bastante dinheiro, em vez de a roubar… é notícia.
Mas pronto… se é assim um feito tão extraordinário… parabéns, senhores guardas da GNR!"
Samuel Quedas
António Agostinho, o autor deste blogue, em Abril de 1974 tinha 20 anos. Em Portugal havia guerra nas colónias, fome, bairros de lata, analfabetismo, pessoas descalças nas ruas, censura prévia na imprensa, nos livros, no teatro, no cinema, na música, presos políticos, tribunais plenários, direito de voto limitado. Havia medo. O ambiente na Cova e a Gala era bisonho, cinzento, deprimido e triste. Quase todas as mulheres vestiam de preto. O preto era a cor das suas vidas. Ilustração: Pedro Cruz
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