"Manuel Fernandes Thomaz, vereador da câmara, deputado às Cortes da Nação, arauto da liberdade e dos valores da democracia, redactor do texto constitucional de 1882, exemplo de comportamento cívico exemplar, anualmente homenageado em cerimónia pública por iniciativa do município, foi o inspirador dos discursos das entidades presentes.
A exaltação dos valores e dos princípios praticados pelo ilustre figueirense percorreu a generalidade das intervenções. Mas, pergunta-se, terá a mensagem chegado à população menos conhecedora do seu pensamento, da sua acção e dos seus objectivos? Que deve alcançar e inspirar. Quando olhamos à volta, encontramos todos os anos os mesmos rostos. E a ausência de antigos autarcas (tal como, no futuro, os actuais faltarão).
Se queremos que se alterem comportamentos condenáveis na “política”, é fundamental criar as condições para fazer chegar à mensagem a todos. Saúdam-se as intervenções, mesmo as frases repetidas anualmente (como não poderia deixar de acontecer), mas também a abordagem didáctica sobre a Constituição de 1882 e a proposta da Associação 24 de agosto para que se centrem na Figueira as comemorações do duplo centenário da revolução de 1820."
Texto extraído da crónica "24 de agosto", hoje públicada por Daniel Santos, no jornal AS BEIRAS
António Agostinho, o autor deste blogue, em Abril de 1974 tinha 20 anos. Em Portugal havia guerra nas colónias, fome, bairros de lata, analfabetismo, pessoas descalças nas ruas, censura prévia na imprensa, nos livros, no teatro, no cinema, na música, presos políticos, tribunais plenários, direito de voto limitado. Havia medo. O ambiente na Cova e a Gala era bisonho, cinzento, deprimido e triste. Quase todas as mulheres vestiam de preto. O preto era a cor das suas vidas. Ilustração: Pedro Cruz
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