Notícia DN de hoje.
"José Sócrates vai participar hoje pela primeira vez numa cerimónia oficial promovida pelo governo de António Costa - a inauguração do túnel do Marão -, mas na verdade não foi esta primeira vez que lhe chegou, com o mesmo remetente, um convite oficial. Foi, na verdade, a segunda.
Em janeiro passado, o antigo primeiro-ministro e antigo líder socialista, juntamente com vários outros ex-chefes de governo, foi convidado pelo executivo liderado por António Costa a participar numa cerimónia de celebração dos 30 anos de adesão de Portugal à UE."
Apesar dos confrangedores e conhecidos casos da ineficácia da nossa justiça, como o processo dos submarinos, em que nenhum português tem dúvidas que houve pagamento de luvas, mas em que nenhum responsável se vai alguma vez sentar no banco dos réus, a Constituição da República Portuguesa prevê que todo o arguido se presume inocente até ao trânsito em julgado de sentença condenatória.
Mesmo quando um hipotético interesse nacional está em causa, não se pode ceder nos princípios. A justiça não é uma aparência, uma encenação para consumo social. O está-se mesmo a ver que é culpado, é um dos mais perigosos argumentos judiciários.
António Agostinho, o autor deste blogue, em Abril de 1974 tinha 20 anos. Em Portugal havia guerra nas colónias, fome, bairros de lata, analfabetismo, pessoas descalças nas ruas, censura prévia na imprensa, nos livros, no teatro, no cinema, na música, presos políticos, tribunais plenários, direito de voto limitado. Havia medo. O ambiente na Cova e a Gala era bisonho, cinzento, deprimido e triste. Quase todas as mulheres vestiam de preto. O preto era a cor das suas vidas. Ilustração: Pedro Cruz
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