António Agostinho, o autor deste blogue, em Abril de 1974 tinha 20 anos. Em Portugal havia guerra nas colónias, fome, bairros de lata, analfabetismo, pessoas descalças nas ruas, censura prévia na imprensa, nos livros, no teatro, no cinema, na música, presos políticos, tribunais plenários, direito de voto limitado. Havia medo. O ambiente na Cova e a Gala era bisonho, cinzento, deprimido e triste. Quase todas as mulheres vestiam de preto. O preto era a cor das suas vidas. Ilustração: Pedro Cruz
quarta-feira, 25 de maio de 2016
Não há conhecimento mau ou bom: há apenas conhecimento...
"Diz que os armadores perdem dinheiro, que os operadores portuários perdem dinheiro, que as exportações são afectadas, que as importações idem, que as empresas estão a perder milhões, que a economia do país está em risco.
Por uma greve às horas extraordinárias.
Não é uma greve total, é uma greve às horas extraordinárias.
Às horas extraordinárias.
Todo um sistema laboral que afecta este mundo e ainda uma parte do outro todo ele assente no pressuposto de que os trabalhadores vão fazer horas extraordinárias.
As pessoas deviam pensar nisto.
E deviam pensar porque é que a direita radical lamenta não ter conseguido baixar os custos do trabalho para as empresas e porque é que uma das primeiras medidas adoptadas pelo Governo da direita radical foi precisamente baixar o preço da hora e o preço da hora extraordinária.
As tais horas extraordinárias que são atiradas à cara dos estivadores todos os dias e a todas as horas pelos comentadores da direita radical – os salários milionários que os madraços da estiva recebem, e no eco que faz na ignorância invejosa de outros trabalhadores, trabalhadores como os estivadores.
E as pessoas também deviam pensar nisto."
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