O paradoxo do desemprego, um crónica de Rui Curado da Silva.
"Na entrevista de fundo que deu à Foz do Mondego Rádio e ao diário As Beiras, o Presidente da Câmara é interpelado sobre a taxa de desemprego no concelho, cerca de 11 a 12%, a mais alta do distrito.
Sabendo que a Figueira é também o concelho mais industrializado do distrito, não podemos fugir ao paradoxo que estes dois indicadores levantam.
Não podemos deixar de questionar que emprego é que a indústria figueirense oferece, sobretudo quando entre estas empresas temos uma das maiores exportadoras do país.
A explicação não se esgota na progressiva automatização do trabalho. Nestas empresas, o recurso à subcontratação é generalizado. Muitos dos subcontratados passam por situações de precarizado prolongado, com passagens frequentes pelo desemprego.
Obviamente que este tipo de emprego não atrai os jovens, repele jovens. A diferença crescente entre o salário de directores e dos trabalhadores das empresas ainda piora o quadro. Os directores apanhados recentemente nos Documentos do Panamá ilustram bem a natureza do problema.
A iniciativa do executivo para a caracterização do desempregado do concelho é positiva, mas é insuficiente.
E que tal caracterizar a oferta de emprego e se o tipo de oferta potencia ou não o desemprego crónico?
Ou ainda, que tal caracterizar os interesses dos accionistas e o cadastro fiscal dos directores?
Por aí andarão algumas respostas ao problema."
António Agostinho, o autor deste blogue, em Abril de 1974 tinha 20 anos. Em Portugal havia guerra nas colónias, fome, bairros de lata, analfabetismo, pessoas descalças nas ruas, censura prévia na imprensa, nos livros, no teatro, no cinema, na música, presos políticos, tribunais plenários, direito de voto limitado. Havia medo. O ambiente na Cova e a Gala era bisonho, cinzento, deprimido e triste. Quase todas as mulheres vestiam de preto. O preto era a cor das suas vidas. Ilustração: Pedro Cruz
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1 comentário:
Bom texto.
Perguntas assertivas.
Respostas dadas pelo artigo do Público(sábado 14 de Maio):"Jovens portugueses excluídos pela crise".
Ler aqui:
https://www.publico.pt/sociedade/noticia/jovens-portugueses-sao-dos-que-mais-se-sentem-excluidos-devido-a-crise-1731906
E sei do que falo. Os meus abalaram. A Figueira passou a ser um local de visita.
Quem passa pela CM e outras associações são sósias dos Gatos Fedorentos:"Falam, falam, mas não fazem nada..."
Quantos de nós temos os filhos a trabalhar fora desta terra?
«Podemos considerar este país como a terra dos homens livres? O que significa estarmos libertos do jugo do rei Jorge se continuamos escravos do rei Preconceito? O que significa nascer livre e não viver livre? Qual é o valor de uma liberdade política que não seja um meio de liberdade moral? De que nos vangloriamos: de uma liberdade para sermos escravos ou de uma liberdade para sermos livres?» - Henry David Thoreau
E como costuma dizer um dos meus irmãos:
"E ao chegar à Figueira da Foz, Jesus disse:
Todos os dias me questiono porque troquei os dinossauros por vocês..!!”
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