terça-feira, 24 de novembro de 2015

Que belo exemplo: quando a utopia entra na vida passa a ser realidade...

Senhores autarcas figueirenses e covagalenses: queremos um país que dê a todos os jovens uma educação de qualidade, a oportunidade para se qualificarem para serem cidadãos conscientes, activos, participativos, inovadores? Tenham paciência, mas V. Exas. estiveram mal, pois esse objectivo passa por isto...
Ontem de manhã, a Cova-Gala viveu uma jornada ímpar na sua existência de 200 e tal anos: realizou-se a plantação de 1.000 pinheiros mansos, junto à praia da Orbitur, numa cerimónia simbólica, no Dia da Floresta Autóctone.
Apesar da Câmara Municipal da Figueira da Foz e da Junta de Freguesia de S. Pedro terem sido convidadas, não estiveram presentes, nem justificaram a ausência. Contudo, os 1 126 pinheiros foram plantados por cerca de 110 crianças da Escola da Gala (Agrupamento de Escola da Zona Urbana da Figueira da Foz) que irão prestar, no âmbito do projecto eco-escolas, um acompanhamento directo, assegurando o crescimento dos pinheiros.
“O futuro aconteceu”. O objectivo foi alcançado:  “a mensagem da sensibilização para a importância dos problemas da erosão costeira passou.”
Sobre a ausência de representantes da autarquia figueirense e Junta de Freguesia de S. Pedro, nada há a comentar. Apenas a registar, para memória futura, que foi o culminar de um comportamento triste e miserável desde o início até ao fim de todo este processo.

Na vida política da Aldeia nada aconteceu, nem acontece, por acaso, apesar dos imponderáveis que o acaso dita, e das idiossincrasias, por vezes bizarras que, em cada mandato, os dirigentes políticos que a representam, ostentam. 
Pela minha parte acredito que a liberdade política, a democracia, como regime da livre escolha dos autarcas pelos cidadãos, como dizia Churchill, é a pior forma de governo imaginável à excepção de todas as outras.
Eu sei que isto é uma aparente banalidade, mas, por vezes, parece que alguns dos nossos mais próximos políticos perderam a noção do valor inestimável da liberdade, relativizando essa conquista das sociedades onde nos acomodamos (mas isso fica para outra ocasião!..) valor esse que, do meu ponto de vista, é dos poucos que continuam a merecer uma boa luta política.

Ontem, mesmo à beirinha do local onde há poucos meses este nosso mar, o oceano atlântico, invadiu território da Aldeia, em toda a sua plenitude, à nossa vista e ao alcance do nosso nariz, ainda lá estava entranhado na terra o cheiro intenso a maresia.
O mar, este nosso mar que banha e causa erosão costeira na orla marítima da Aldeia, é forte e possante quando batido pelo vento.
A vida é feita de mudança. Por exemplo, de mentalidades. Se olharmos para o futuro o mundo avança.
Temos de dar um passo qualitativo: deixar de nos preocupar em parecer bem e preocupar-nos mais em fazer obra.
Temos de deixar de ter medo de tomar posição. Temos de arriscar mais nas empreitadas do progresso.

Ontem, de manhã, tive oportunidade de verificar, mais uma vez, que há muitos que falam nos cafés, mas continuam a esperar que os outros avancem e que a obra surja feita.
Tomar posição e fazer obra, para a generalidade dos covagalenses, continua a ser algo estranho e potencialmente perigoso.
Mas, não há outro caminho, se queremos colocar em causa o equilíbrio necessário ao triunfo do espírito matreiro e conservador dos governantes locais.
No nosso concelho, os executivos camarários e das juntas de freguesia, querem-se modestos nos grandes desígnios e sem vistas largas, não vá o desenvolvimento, logo, o engrandecimento do concelho e da freguesia, molestar as cordatas relações de poder com as grandes famílias instaladas e fazer perigar as dependências face aos interesses em vigor a nível local.

Sabemos que vivemos num concelho, numa cidade e numa Aldeia, onde falta músculo democrático e massa crítica à inteligência. Dito doutra maneira: o que falta, em regra, é decência aos dirigentes, civismo, cidadania, educação e cultura – no que, no geral, são acompanhados pelo povo que neles vota e os elege.
Por mim a escolha está feita há muitos e longos anos: prefiro a liberdade. Mesmo se a justiça não for feita, a liberdade garante e preserva o poder de protesto contra a injustiça e salva a comunidade, mesmo se a comunidade persistir em continuar a mostrar que não está interessada em dar passos em relação ao futuro.
Mas, como o futuro se constrói com futuro, terá de ser à nossa custa que aprenderemos, contrariamente ao que por vezes pensamos, que o espírito nada pode contra a espada, mas também que o espírito unido à espada sempre vence a espada que se ergue em prol de si mesma e dos interesses da casta que defende.

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