No passado mês de junho, a Câmara da Figueira aprovou a proposta da maioria socialista sobre a atribuição da medalha de altruísmo em prata dourada ao Grupo Lusiaves.
A proposta passou apenas com uma abstenção.
Ontem, o grupo de vereadores eleito pelo PSD, na Coligação Somos Figueira, apresentou em reunião de Câmara, um voto de congratulação e reconhecimento à unidade industrial Ernesto Morgado, sediada no Alqueidão.
A Figueira que temos, em setembro de 2015, vale pouco ou perto de nada.
As pessoas que a governam quase que apenas têm umbigo.
Esse é o seu mundo. E, é em torno dele, que gira o horizonte individual de cada uma delas.
Quem conheça a história de uma cidade ainda jovem - a Figueira tem apenas 133 anos - sabe que lembrar essa data, por si só, não constitui "uma afirmação de esperança". Sabe, também, que por aqui a junção de esforços e a força do trabalho já moveu montanhas, que a dignidade dos valores já edificou obra, que a palavra já valeu por um papel.
À medida que os anos vão passando e nos aproximamos da velhice, vamos sabendo mais da Figueira e da vida.
Valores, como a força do trabalho, a dignidade dos valores e a solidez da palavra que já valeu como um papel, estão cada vez mais desvalorizados.
Nos intervalos destas " engraxadelas", disfarçadas de reconhecimento, os vereadores da "nossa" câmara poderiam lembra-se que na Figueira há mais vida e mais valores para além dos empresários "amigos"...
Isto já começa a arrepiar...
António Agostinho, o autor deste blogue, em Abril de 1974 tinha 20 anos. Em Portugal havia guerra nas colónias, fome, bairros de lata, analfabetismo, pessoas descalças nas ruas, censura prévia na imprensa, nos livros, no teatro, no cinema, na música, presos políticos, tribunais plenários, direito de voto limitado. Havia medo. O ambiente na Cova e a Gala era bisonho, cinzento, deprimido e triste. Quase todas as mulheres vestiam de preto. O preto era a cor das suas vidas. Ilustração: Pedro Cruz
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