Aquilo a que normalmente chamamos expectativas - esperar isto ou aquilo - pode ser algo complicado de gerir.
O problema começa logo no início: dar aso a que as expectativas surjam.
As nossas vidas decorrem baseadas em probabilidades, pressupostos ou promessas que a maioria das vezes terminam em decepções, dor, mágoa, desânimo ou desalento.
Esperar por algo ou por alguém deveria unicamente fazer sentido quando se tem por base uma realidade palpável e não quando sabemos, à partida, que nos vamos novamente magoar.
Contudo, temos este lado masoquista e insistimos em apostar em construções na areia que a primeira subida da maré desfaz completamente...
Espero que Passos tenha razão ao pedir um resultado “inequívoco” nas legislativas de 4 de Outubro próximo - um derrota também o é...
As expectativas que tenho, porém, e que contam para mim, são aquelas que existem (e dependem) unicamente na minha pessoa...
Há muito que deixei de ter expectativas que dependam dos portugueses em geral e da maioria dos que votam em particular.
António Agostinho, o autor deste blogue, em Abril de 1974 tinha 20 anos. Em Portugal havia guerra nas colónias, fome, bairros de lata, analfabetismo, pessoas descalças nas ruas, censura prévia na imprensa, nos livros, no teatro, no cinema, na música, presos políticos, tribunais plenários, direito de voto limitado. Havia medo. O ambiente na Cova e a Gala era bisonho, cinzento, deprimido e triste. Quase todas as mulheres vestiam de preto. O preto era a cor das suas vidas. Ilustração: Pedro Cruz
1 comentário:
As expectativas de mudança são tão baixas que neste Agosto até o Sol emigrou...
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