domingo, 19 de julho de 2015

O risco de escrever a palavra sucesso

Com a passagem do tempo, ficou mais patente a minha necessidade de me afastar de gente de sucesso, de gente de planos, de gente de reuniões, de gente de currículos – no fundo, da chamada gente interessante.
Com a passagem do tempo, ficou mais patente a minha necessidade de me afastar de gente ocupada, de gente apressada, de gente que, depois de uma boa conversa, acaba sempre por admitir que odeia a vida que tem, mas não desiste de a ter assim.
Com a passagem do tempo, ficou mais patente a minha necessidade de me reaproximar da tranquilidade proporcionada pelo mar - o som em fundo deste mar, este mar desta minha outra margem, funciona como  a luz da minha memória.
Com a passagem do tempo, ficou mais patente a minha necessidade de ler – gostava mesmo era de conseguir ler como li durante décadas.
Com a passagem do tempo, ficou mais patente a minha necessidade de comer umas boas sardinhadas – a melhor parte de ficar com a roupa a cheirar a sardinhas é o sucesso que se faz com as gatas...
Vivemos no País que é líder mundial na produção de rolhas de cortiça.
Isto, é um País de sucesso, quando, estatisticamente, continuamos na cauda da Europa?

Em tempo.
Cada vez  detesto mais "gente" que tem a mania que manda na gente, só para se sentir gente. 
Cada vez mais, gosto de gente que gosta da gente, sem lhe apetecer mandar na gente.
Essa tal "gente" que eu cada vez detesto mais, que vive obcecada em  mandar na gente para se julgar gente, a meu ver, não é gente: essa tal "gente",  se fosse realmente gente, sabia perfeitamente que toda a gente nasce despida e toda a gente vai daqui vestida por outra gente.
Portanto, o sucesso vai continuar a não constar da minha lista de preocupações. 
O que vai continuar a ocupar-me o tempo vai continuar a ser as chamadas pequenas coisas - sobretudo muitos passeios à beira mar...
O meu objectivo é continuar a ter uma vida sossegada - mas não monótona...

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