quarta-feira, 28 de janeiro de 2015

A ganância ainda vai acabar por dar cabo disto tudo!.. (IV)

foto António Agostinho
Nem a passagem do tempo me faz aceitar a inutilidade de certos esforços.
Se as águas do meu mar, quase sempre belo e sereno, conseguem devastar uma duna, porque é que hei-de calar a revolta que tal facto me provoca, principalmente porque isso se deve, em grande parte, ao desleixo e à negligência de muita boa gente, pretensamente grada, que por ai se anda a pavonear.
Eu sei que dificilmente as águas de um rio, mesmo bravas e rebeldes, conseguem arrancar um penedo à margem.
Contudo, apesar do penedo poder estar firmemente incrustado no solo, dando a ideia que dali só sairá havendo fractura no chão onde assenta, por vezes é possível as águas soltarem o penedo. 
Não é fácil, mas acontece. Apesar de nem as águas nem o penedo terem vontade própria.
As águas, desde sempre, correm naturalmente pelos declives dos terrenos, ajustando-se aos caminhos que forem conseguindo abrir.
Os penedos, em princípio, devem permanecer firmes e sem se mexerem.
Todavia, apesar da água, dada a sua natureza, parecer que não pode mexer o penedo, afigurando-se, por conseguinte, improvável que o penedo venha a ser movido da sua zona de conforto, as águas vão passando pelo penedo, acariciam-no, lavam-no, refrescam-no e prosseguem o seu percurso, que é sempre por onde houver aberturas, inclinações e outras condições de caminhar.
Mas, as águas, nunca passam sem levar qualquer coisa daquilo em que tocaram no penedo - nem que seja areia...
Por isso, o penedo, depois da passagem da água, jamais ficará como era antes. Mesmo considerando que é um penedo, a sua resistência é uma ilusão. 
Daí, pensar que vale a pena continuar a acreditar que ainda existe a possibilidade de a ganância não conseguir dar cabo disto tudo!..
Reclamar e exigir segurança para os nossos bens e as nossas vidas, implica um compromisso com a dignidade que queremos para estas e o respeito que preconizamos para todos.

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