Coimbra...
Numa grande superfície, na fila para a caixa, uma senhora velhinha apresenta 5 laranjas (a fruta da época...) e um pacote de bolachas de água e sal para pagamento.
A moça da caixa, visivelmente atrapalhada e constrangida, chama uma colega.
Quem estava na fila começou por pensar que fosse algum problema com a pesagem da fruta.
Não era.
A velhinha queria retirar uma laranja e anular a compra do pacote de bolachas de água e sal.
Perante isto, alguém sai da fila e diz, o mais discretamente possível à velhinha, que se aguardasse um pouco, lhe oferecia o que tinha sido retirado.
A velhinha agradeceu numa voz ténue e sussurrante.
Em qualquer altura do ano, isto era arrepiante. A pouco mais de 15 dias do Natal, isto é obsceno.
Em tempo.
Passos Coelho cumpriu.
Em 25 de outubro de 2011, uma terça, disse: "Só vamos sair da crise empobrecendo".
António Agostinho, o autor deste blogue, em Abril de 1974 tinha 20 anos. Em Portugal havia guerra nas colónias, fome, bairros de lata, analfabetismo, pessoas descalças nas ruas, censura prévia na imprensa, nos livros, no teatro, no cinema, na música, presos políticos, tribunais plenários, direito de voto limitado. Havia medo. O ambiente na Cova e a Gala era bisonho, cinzento, deprimido e triste. Quase todas as mulheres vestiam de preto. O preto era a cor das suas vidas. Ilustração: Pedro Cruz
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