Como escrevi ontem, “quem, ao longo dos anos, tem passado por aqui, tem conhecimento de que o meu apreço pela figura de José Sócrates é nulo.
Todavia, até o julgamento ter terminado, presumidamente, é inocente.”
Quem por aqui tem passado nos últimos três anos, sabe também que não simpatizo com Passos Coelho e a tralha que o tem acompanhado.
No geral, não tenho apreço pela classe política que, ao longo dos últimos quarenta anos, tem sido escolhida por alguns portugueses para mandar em todos: não, por considerar que são todos corruptos, mas, por considerar – e os resultados assim o confirmam – que alguns portugueses nos tem entregue a todos, a incompetentes, irresponsáveis e medíocres.
Todos sabemos que, como em tudo, até no futebol, o poder judicial tem demasiadas ligações à política e está excessivamente cheio de boys que devem as suas posições ao PS ou PSD.
Já todos nos habituámos à ideia de que quando um partido acede ao poder, povoa as estruturas com pessoal da sua confiança política.
Sócrates foi detido com câmaras de televisão a filmar.
Alguém deve ter passado a informação, ou então, haverá alguém com poderes sobrenaturais lá para os lados de Carnaxide.
Ontem e hoje, os jornais e as televisões publicam vastas e detalhadas matérias sobre o caso.
Pelo que li e vi, ontem e já hoje, certos jornais e algumas televisões aparentam ter muita informação.
Alguém acredita que essa informação tenha sido obtida por investigações próprias desses jornais e televisões?
Sócrates, neste momento, ao que ouço nas ruas e cafés da Aldeia, está acabado, politicamente morto e quase enterrado.
Mesmo que no final deste processo não venha a ser condenado – o que não me admirava nada - só não estará politicamente morto se conseguir provar que existiu mão de «ciência oculta» para o tramar.
Se não conseguir provar a cabala, está feito - com ou sem condenação final.
Registe-se, para memória futura, António Costa a sua circunstância e o compreensível embaraço que lhe criou a situação: terá sido por isso, que deixou escapar argumentação despropositada, mas reveladora do seu anti-comunismo visceral e primário, ao argumentar que o PS não adopta "práticas estalinistas"?..
Fica o registo, apenas para memória futura...
António Agostinho, o autor deste blogue, em Abril de 1974 tinha 20 anos. Em Portugal havia guerra nas colónias, fome, bairros de lata, analfabetismo, pessoas descalças nas ruas, censura prévia na imprensa, nos livros, no teatro, no cinema, na música, presos políticos, tribunais plenários, direito de voto limitado. Havia medo. O ambiente na Cova e a Gala era bisonho, cinzento, deprimido e triste. Quase todas as mulheres vestiam de preto. O preto era a cor das suas vidas. Ilustração: Pedro Cruz
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