sexta-feira, 19 de setembro de 2014

A moda

Objectividade, na informação da Figueira, tal como no resto do país, salvo as excepções do costume, é coisa que não está muito presente. Aliás, nem convém que esteja. Ninguém é criticado, promovido ou louvado, por ser competente ou incompetente, mas, simplesmente, por ser “próximo”, ou “amigo”.
Um exemplo. 
Quantas críticas fundamentas já foram publicadas e tiveram oportunidade de ler sobre o livro "As palavras que me deverão guiar um dia" do vereador e escritor dr. António Tavares? 
Eu, confesso, ainda não consegui ler nenhuma. 
Portanto, como é natural, não tenho opinião sobre a obra, porque também ainda não a li, o que farei, talvez, um dia destes
Que fique claro, para que não haja equívocos, o óbvio: o que está em causa, neste texto, não é a qualidade literária do autor e da obra. 
Este exemplo, serve apenas para realçar como as coisas funcionam na Figueira e no País, entre a imprensa e a sociedade que nos rodeia - o mundo económico, do futebol, da política, da cultura. 
Fulano ou sicrano tem boa imprensa, na exacta medida em que tem uma relação “próxima” com esta, e vice-versa.
Se fulano ou sicrano  são ou não competentes no que fazem, se estão há demasiado tempo na berra sem mostrar resultados palpáveis, isso, para a “nossa” imprensa é irrelevante, desde que, no dia a dia tenham “dicas” sobre que escrever. 
É assim a Figueira jornalística, como é assim o resto do País jornalístico. A objectividade da análise dos factos que se desejaria, é substituída, pela mera citação do Soundbite da confidência dos protagonistas.
Em troca de uma mão cheia de nada a nossa imprensa (repito: isto não acontece apenas na Figueira) demite-se da sua função, ficando cada vez mais refém dos timings e agendas de protagonistas, quando não do próprio ridículo.
A “nossa” imprensa (sublinho mais uma vez, local e nacional) não é melhor nem pior que aqueles que a rodeiam e manipulam, pelo que se calhar, essa cobardia confortável, serve a todos. 
No fundo, no fundo, isto é o espelho do país – uma Aldeia de acomodados. 
O importante, o que interessa relevar é o espectáculo, o circo, o Big Brother...
O António Tavares, que me conhece há dezenas de anos, sabe que isto nada tem a ver com a qualidade literária deste seu livro “As palavras que me deverão guiar um dia”, pois sempre pensei assim. 
Houve, em tempos, na Figueira, um mestre do "fait-divers", que felizmente passou fugazmente por cá, mas deixou escola. 
Santana Lopes,  nunca escondeu o que desejava: um poleiro. Aliás, ainda não desistiu... 
Entretanto, tem tido de calcorrear vários pelouros - alguns do pior. O mais penoso, porém, deve ter sido o de Primeiro-Ministro - aquele que, entre todos, exigiu mais trabalho, seriedade, contenção, responsabilidade, conhecimento, concentração e firmeza no propósito.
Não se saiu bem, mas sobreviveu. Continuou a andar por aí e, como habitualmente, este talentoso candidato a tudo, já tem nova candidatura à vista. 
Apesar de não parecer, António Tavares aprendeu muito com Santana Lopes.
E a prova aí está: o homem sabe o que está a fazer. 
Tal como Santana, poderá também não saber governar, mas, para estas coisas, tem igualmente muito jeito.

2 comentários:

Anónimo disse...

Santana!! Não gosto dele, é sempre candidato a tudo como tu bem disse, mas olha que quando foi 1º ministro ele tinha razão.Sabes porque foi destituido? Além das broncas do costume ele quis aumentar os tributos aos bancos. Conclusão?? Os bancos mandaram o sampaio demiti-lo.
Galvão

o cu de judas disse...

de facto a competência neste pais não é uma qualidade intrínseca do fulano a ou b, mas sim um atributo que lhe é dado pelo status quo. Pode ser um grande nabo, nada perceber, nada compreender, nada fazer, mas desde que decidam que é competente passa a competente...!