sexta-feira, 8 de agosto de 2014

Na Aldeia... (VIII)

É conhecido o afastamento que tenho dos partidos do chamado arco da governação.
Desviei-me  politicamente, há muito, por vontade própria, daqueles que alegre e irresponsavelmente, têm ajudado na Aldeia, no concelho e no país, a patidocracia hegemónica que basicamente tomou conta de Portugal e Ilhas Adjacentes  e nos conduziu ao lugar que ocupamos: dos últimos na EU e na generalidade dos indicadores sócio-económicos.

A nossa vida em sociedade é o que sabemos: uma ficção, alicerçada na propaganda e irresponsabilidade que todos andamos a pagar.
Somos - e vamos continuar - a ser o que sempre fomos, pois não temos outros partidos, nem outra gente.
As eleições deveriam ser uma coisa digna e séria, porque é aí que se escolhe a gente que determina o nosso futuro.
Infelizmente, as coisas são o que são. Vota-se num “regedor” porque este pode fazer convenientes favores; num presidente de câmara porque nos pode empregar um familiar; num governo por fé clubista.
Têm sido assim feitas as escolhas nesta sociedade onde é permitido - e aceite - que os políticos no poder há vários anos ofereçam esferográficas, aventais, bonés, porco no espeto e copos de vinho a poucos dias das eleições.
Ao aceitarem e participarem em tais actos, os próprios eleitores tornaram-se coniventes com o ficcionismo em que andamos a viver na Aldeia, no concelho e no país há muitos e muitos anos.
Aqui pela Aldeia, embora sob disfarce, o PSD e o PS foram, desde 1989, os partidos vencedores.
Esta hegemonia, como em tempos de caça às bruxas, teve um historial de intriga e calúnia baseada na farsa de que os comunistas são uma peste. Entenda-se por comunistas, todos os cidadãos que não se revejam nas práticas locais do PSD e do PS.

Hoje, com umas eleições à porta, não vai ser diferente. Quem for votar, e tem ainda pesadelos com o comunismo, vai continuar a ir ao porco no espeto no Parque das Merendas. 
Quem não pensa assim, o mais provável é não ir votar...
O resultado, e outro não será de esperar, vai ser mais do mesmo...


A Aldeia, tem sido liderada por eternos crentes do PSD e do PS, que aproveitaram a pouca exigência reinante, consolidada pelo atraso e comodismo dos seus habitantes.
Lá para finais de setembro, o mais tardar em outubro, na Aldeia as habituais alminhas vão tornar a colocar os mesmos nos seus lugares e assim vamos continuar a viver até que a morte se lembre deles e de nós.

Cá na Aldeia, apesar dos tempos já terem mudado, vamos continuar a viver na vila da ficção.
Não temos outra gente nem temos outros partidos. Somos quem somos - o caso do processo da criação da vila é paradigmático...

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