quinta-feira, 17 de julho de 2014

Conviver com as memórias...

 Conheci bem o Comandante João Mano: recordo, com emoção, ter colaborado com o actual vereador da Cultura, António Tavares, então o Director do Linha do Oestena feitura de uma das últimas entrevistas que ele concedeu a um jornal da nossa cidade Aliás, foi mais uma agradável conversa, que decorreu no modesto pré-fabricado da Gala, naquele recanto, espécie de pequeno alpendre, que se vislumbra do lado direito da foto abaixo, tendo como pano de fundo, os viveiros e as salinas que existem na traseira desta modesta casa de férias que o Capitão Mano tinha na sua Aldeia natal e que se conseguiam espreitar para lá do canavial que delimita o quintal

Há menos de um mês – precisamente a 24 de junho p.p. - estive no CAE da Figueira da Foz, propositadamente, para assistir à entrega da distinção que, em agosto de 2012, por unanimidade, a Câmara da Figueira da Foz tinha atribuído a título póstumo ao Comandante João Pereira Mano: a Medalha de Mérito Cultural em Prata Dourada.
Contudo, ainda não perdi a esperança de que,  um dia, a Homenagem que ainda falta prestar ao Capitão João Pereira Mano acabe por acontecer na Figueira.
Em 2005, a Junta de Freguesia de São Pedro decidiu  homenagear algumas personalidades locais, com a atribuição  do seu nome a ruas da nossa Terra. Uma dessas figuras, foi o Capitão João Pereira Mano.
Hoje de manhã, como acontece praticamente todos os dias, na minha habitual caminhada matinal, cruzei-me com a placa que identifica a Rua Comandante João Mano (nasceu  na  Gala, então freguesia de Lavos, concelho da Figueira da Foz, em 2 de Setembro de 1914 e faleceu em Lisboa em Agosto de 2012. Os restos mortais repousam desde a tarde do dia 10 de agosto de 2012, uma sexta feira, no cemitério de Lavos), na minha opinião, até ao presente,  o maior investigador figueirense e o maior conhecedor da história marítima do concelho da Figueira da Foz, autor de livros fundamentais para o conhecimento das nossas raízes, como Lavos, Nove Séculos de História” e Terras do Mar Salgado”, tudo resultado de décadas de investigação aturada em fontes directas.
A minha eterna gratidão ao Capitão João Pereira Mano,  por me ter dado a conhecer e a entender muito melhor, a minha Terra e a minha Raiz.
Uma das consequências da passagem dos anos é passarmos a coexistir com pessoas que apenas perduram na nossa memória.
Essa realidade, para mim já longa,  não tem sido fácil de gerir: já dura desde 6 junho de 1974, data em que morreu o meu Pai.
Foi isso que senti, hoje de manhã, ao cruzar-me com a placa toponímica do Comandante João Mano. Por vezes, ainda me custa acreditar que o Comandante João Mano morreu quase há dois anos...
O tempo a passar por nós é, também, isto: a soma, sempre crescente, das ausências
Nos últimos anos de vida, o Comandante João Mano já não tinha condições para se deslocar à sua Gala natal. Então, passou a ser-me uma voz familiar ao telefone, vinda lá de Lisboa, apesar do sofrimento que, para mim, na fase final, era falar com ele, pois apercebia-me dos problemas respiratórios que o atormentaram na fase final e quase o impediam de ter uma conversa prolongada.
Foi uma voz que se calou há quase dois anos, mas que, enquanto respirar, jamais se apagará da minha memória.

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