“Há dias, numa mesa próxima, discutia-se a momentosa questão política figueirense do número de fotografias de um edil local num periódico regional. Porque parece ser esta a momentosa questão política local, vou colocá-la a nível superior – quantas vezes deve um político local aparecer fotografado na imprensa local
e regional?
Os “grandes políticos locais” – como se por cá os houvera! – logo responderão pelo maior número de vezes.
Não sendo da área, nem tenho pretensão a sê-lo, arrisco porém dizer em primeiro lugar que não desvalorizo o peso da imagem na sociedade mediática de hoje para um aspirante político.
Em segundo lugar, arrisco defender a tese de que o político deve aparecer o número de vezes suficiente para ser
visto (quem não aparece esquece!) e adequado a que dele se não fartem, se não cansem e afastem e adequado ainda a que os que o não conhecem tenham curiosidade de ler o nome e fixar o rosto.
Em terceiro lugar, arrisco ainda lembrar “aos grandes políticos locais” – como se por cá os houvera! – de que uma
coisa é a visibilidade, a fotografia repetida nos periódicos, outra bem diferente e mais importante é a notoriedade,
é o granjear do respeito e consideração.”
Joaquim Gil, advogado, hoje no jornal AS BEIRAS.
Em tempo.
Ao longo da minha existência, que já vai longa, cruzei-me com gente que me parece o exacto oposto da sua imagem pública: por exemplo, intelectuais analfabetos, queques grosseiras, devotos venais, esquerdistas e direitistas impiedosos, optimistas deprimidos, voluntaristas débeis e sisudos de opereta...
Mas tinham um jeito inato para uma coisa: a propaganda!..
Muitos, porém, verificaram com amargura, que a aposta era elevada e o risco enorme, numa Terra com um mar tão sabedor, mas com tantos jornalistas de opereta...
Até apetece citar o O´Neill ...
“País dos gigantones que passeiama importância e o papelão,
inaugurando esguichos no engonçodo gesto e do chavão.
E ainda há quem os ouça, quem os leia,
lhes agradeça a fontanária ideia"
António Agostinho, o autor deste blogue, em Abril de 1974 tinha 20 anos. Em Portugal havia guerra nas colónias, fome, bairros de lata, analfabetismo, pessoas descalças nas ruas, censura prévia na imprensa, nos livros, no teatro, no cinema, na música, presos políticos, tribunais plenários, direito de voto limitado. Havia medo. O ambiente na Cova e a Gala era bisonho, cinzento, deprimido e triste. Quase todas as mulheres vestiam de preto. O preto era a cor das suas vidas. Ilustração: Pedro Cruz
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