Em
sessenta anos que já cá cantam, já vi milhares de manhãs de
nevoeiro.
Até
hoje, porém, nunca consegui ver sair delas nenhum D. Sebastião!
Fica
uma preocupação: cuidado om as ilusões de óptica.
António Agostinho, o autor deste blogue, em Abril de 1974 tinha 20 anos. Em Portugal havia guerra nas colónias, fome, bairros de lata, analfabetismo, pessoas descalças nas ruas, censura prévia na imprensa, nos livros, no teatro, no cinema, na música, presos políticos, tribunais plenários, direito de voto limitado. Havia medo. O ambiente na Cova e a Gala era bisonho, cinzento, deprimido e triste. Quase todas as mulheres vestiam de preto. O preto era a cor das suas vidas. Ilustração: Pedro Cruz
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