quarta-feira, 19 de fevereiro de 2014

«A ética é estar à altura do que nos acontece» *

“Analisando o comportamento actual dos partidos, a questão da ideologia interessa-lhes cada vez menos. O que conta é o interesse do grupo, como se de uma simples competição se tratasse. Faz sentido que entre os partidos que concorrem aos órgãos autárquicos, haja uma linha tão forte que os divide, quando todos prometeram defender os interesses do seu concelho?
Não há muitos anos, na Figueira da Foz, com o Presidente Aguiar de Carvalho foi possível juntar no executivo representantes de várias tendências partidárias e não me consta que o concelho tenha perdido com a solução.
Será que os responsáveis não entendem que a sua função é a de gerir o melhor possível o concelho e isso se faz também considerando as diferenças de opinião, sobretudo quando a maioria representa uma parte tão ínfima do eleitorado?
A recente experiência do movimento Figueira 100% é exemplo da forma como os partidos encaram esta situação. A única tentativa de aproximação colocada pelo partido vencedor foi a de que poderia haver “um lugar” para o movimento! Nunca os vencedores estiveram preocupados em discutir os programas, com vista a um entendimento.
Não fora o sentido de responsabilidade dos seus representantes, completamente ao arrepio do comportamento tradicional dos partidos, e a Figueira teria decerto saído prejudicada.”
* O título é de Gilles Deleuze
    O texto é do eng. Daniel Santos, e constitui parte da crónica “Esquerda, Direita”, hoje publicada no jornal AS BEIRAS.

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