“Apesar das notícias assustadoras sobre a nova legislação a
propósito dos animais de companhia, foi uma noite tranquila cá em casa: o
Portas foi ao caixote e depois adormeceu no sofá, a Cristas esteve horas a
ronronar e nem sequer comeu, o Pires de Lima já sabe mudar de canal com uma das
patas de trás e o Aníbal, como sempre, lambeu uns e outros abanando o rabo. Se
continuarem assim, pode ser que a vizinhança não ladre por aí o que não deve e
o Governo até ponha ovos logo que regresse aos mercados. Eu, pianinho, cocei a
orelha esquerda e fui-me deitar.”
António Agostinho, o autor deste blogue, em Abril de 1974 tinha 20 anos. Em Portugal havia guerra nas colónias, fome, bairros de lata, analfabetismo, pessoas descalças nas ruas, censura prévia na imprensa, nos livros, no teatro, no cinema, na música, presos políticos, tribunais plenários, direito de voto limitado. Havia medo. O ambiente na Cova e a Gala era bisonho, cinzento, deprimido e triste. Quase todas as mulheres vestiam de preto. O preto era a cor das suas vidas. Ilustração: Pedro Cruz
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1 comentário:
O meu gato cavaquito anda-me a mijar a escada toda já o meu cão passitos agora deu em cagar por todo o lado.
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