segunda-feira, 16 de setembro de 2013

E se a democracia funcionasse?..

Andam para aí a espalhar que a democracia é cara.
Eu atrevo-me a dizer mais:  a  democracia, além de cara, é complicada.
A democracia precisa de pessoas conscientes, que sejam saudáveis,  tenham passado pela escola e tenham trabalho.
Numa  democracia ideal (eu sei que não existe...), o cidadão  com direito ao voto, também deveria estar em  condições de ser ele o eleito e poder estar à frente dos destinos de uma freguesia, de um concelho ou mesmo do País.
Mas, para isso, era necessário vivermos numa sociedade onde o direito à saúde, à  educação e ao trabalho fosse  acessível a todos.
Só assim será talvez possível um dia  termos cidadãos saudavelmente democratas e em condições de promoverem e  defenderem a democracia.
Por isso, é preciso uma sociedade onde haja Liberdade a sério (como disse o Sérgio Godinho: com paz, saúde, habitação, educação, trabalho...)
Os grandes capitalistas nacionais e internacionais, latifundiários, generais e ditadores não precisam da democracia para nada -  só os atrapalha, prejudica e ameaça.
As sociedades pobres e miseráveis, como a que está a ser reconstruída em Portugal por este governo - e isso é perigoso - não sabem  sequer para que serve a democracia.
Daí, como dá conta quem anda no dia a dia pela Aldeia e pela cidade, os danos que todos os dias são infligidos à democracia no nosso país.
Algumas  pessoas chegam ao ponto de abominar a democracia... 
Oxalá me engane, mas vamos todos ver os números da abstenção nas eleições de 29 de setembro próximo.
Este é um caminho  perigoso. Cada vez os portugueses  - nós todos – estamos mais  à mercê dos  tiranos, dos brutamontes  e dos desesperados.
Todos os partidos políticos,  a meu ver, têm culpas no cartório, pois nunca se preocuparam em promover  a pedagogia do pensamento crítico no seu interior. Mais ainda: cedo fazem sentir a quem ousar colocar “pedras na engrenagem da máquina partidária”, que esse produto (a critica...) deve ser usado com muita moderação e parcimónia. Aliás, o mesmo se passa na sociedade civil. Quem ousa promover o debate, colocar questões ou exprimir discordância com o pensamento dominante  não é lá muito bem visto pelos poderes...
Aqui, convém colocar um ponto de ordem ao texto:  uma democracia  precisa dos partidos.
Porém, o combate ao  populismo, à demagogia, ao oportunismo, aos aproveitamentos pessoais, enfim, tudo o que tem sido normal na vida política em Portugal nas últimas duas décadas, pelo menos, combate-se com a limpeza e  higiene intelectual em todos os partidos. Ser inteligente não é ser da esquerda ou da direita...
Ser inteligente é tentar contribuir, dentro das suas possibilidades e limitações, para que a democracia funcione o melhor possível.

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