Ser português está ainda mais complicado.
O resto do mundo não pensa que os Portugueses são especiais, diferentes, bem-educados, antigos, espertos, desenrascados, inteligentes e um caso sério a jogar futebol.
E como isto de jogar futebol é tão importante para Portugal!..
Cavaco Silva, por exemplo, no espaço de poucos dias veio lembrar isso mesmo aos portugueses…
Depois de o ter feito no dia 17, hoje voltou à carga!
Todavia, ser português não é nem a sorte com que sonhamos, nem o azar futebolístico com que vamos azedando…
Ser Português, para mim é outra coisa: é poder continuar a trabalhar, é poder continuar a falar e a pensar em voz alta, é poder continuar a ter um coração mole... Ser português é continuar a acreditar que a vida seria pior se fosse suíço, belga, espanhol, francês, alemão, sueco...
A partir de hoje voltamos à realidade.
Os políticos vão voltar ao discurso da modernidade, do desenvolvimento, da mudança…
Os poetas vão continuar a sonhar com um um país que se diz já ter existido…
Continuar, é uma tarefa delicada, mas urgente…
O futebol é apenas um desporto que se joga, essencialmente, com os pés...
Temos de deixar de ser um país de azares. O país da bola no poste...
Força Portugal!
O Mundial de 2014 está à porta...
António Agostinho, o autor deste blogue, em Abril de 1974 tinha 20 anos. Em Portugal havia guerra nas colónias, fome, bairros de lata, analfabetismo, pessoas descalças nas ruas, censura prévia na imprensa, nos livros, no teatro, no cinema, na música, presos políticos, tribunais plenários, direito de voto limitado. Havia medo. O ambiente na Cova e a Gala era bisonho, cinzento, deprimido e triste. Quase todas as mulheres vestiam de preto. O preto era a cor das suas vidas. Ilustração: Pedro Cruz
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