Os mais jovens jamais vão saber o que era este país antes de Abril de 1974!
Os mais jovens jamais vão saber o que era este país há 25 anos atrás, em 1986, quando Portugal aderiu à Europa!..
Como explicar-lhes, então, no momento em que cai sobre todos a canga de liquidar a factura, que foram os pais deles que derreteram, ou deixaram derreter pela sua apatia e conformismo, quase todo o dinheiro vindo da Europa, para aumentar fortunas privadas de gente bem posiocionada, politicamente falando, valendo-se de compadrios e amizades, pessoais ou interesseiras, para satisfazer gulas desmedidas, individuais ou de grupo.
Somos um povo, como afirmou há muitos anos atrás um romano, de que não me ocorre neste momento o nome, “que nem se governa, nem se deixa governar”.
Estamos no ponto em que a Europa compreendeu que somos incapazes de nos governarmos sozinhos…
Mais uma vez, em 5 de Junho próximo vamos ser enganados. Nada a que já não estejamos habituados!.. Enganados fomos sempre: mas, nos últimos 36 anos, temos sido enganados pelos que fomos elegendo, por esperteza ou por ignorância, por voto ou imposição, ou por chico-espertismo - o favor com favor se paga!..
Por isso, chegámos aqui: a uma miséria de povo, “burra que nem um tamanco”, que tem a mania que é sabida, mas que esquece que, na sua esmagadora maioria, não é gente séria, nem solidária, mas sim extremamente interesseira e individualista – o que conta é o que gravita em torno do seu umbigo.
Chegámos aqui e as perspectivas são medonhas. Atentem, somente, nas hipóteses de primeiro ministro e de governo que poderemos ter a seguir a 5 de Junho próximo.
É de meter medo ao susto!..
Aí está, para quem quiser ver, o espelho do País e da espécie que somos.
O português, como espécie humana, é um ser encantador. Como gente é uma fraude.
E estamos a pagar por isso! E vamos pagar mais!..
Estamos “feitos ao bife”!... Como explicar isto aos jovens?..
António Agostinho, o autor deste blogue, em Abril de 1974 tinha 20 anos. Em Portugal havia guerra nas colónias, fome, bairros de lata, analfabetismo, pessoas descalças nas ruas, censura prévia na imprensa, nos livros, no teatro, no cinema, na música, presos políticos, tribunais plenários, direito de voto limitado. Havia medo. O ambiente na Cova e a Gala era bisonho, cinzento, deprimido e triste. Quase todas as mulheres vestiam de preto. O preto era a cor das suas vidas. Ilustração: Pedro Cruz
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