Se Portugal vai de mal a pior, o comércio tradicional, nas cidades ou nas aldeias, está à beira da extinção.
A "catástrofe" está anunciada há muito. Fecham mercearias diariamente. O negócio para o pequeno comércio está péssimo.
Mais dia menos dia, vai acabar. Ainda sobrevivem alguns resistentes, mas os pequenos comerciantes estão a perder nitidamente terreno para as médias e grandes superfícies comerciais.
Os pequenos comerciantes, lamento dizê-lo, têm a batalha perdida. É um sector envelhecido, gasto, desmotivado, sem perspectivas de futuro.
Precisava de se modernizar, para sobreviver, pois o consumidor está cada vez exigente.
Existem problemas de fundo que têm a ver com o atendimento, a higiene e a apresentação dos produtos.
Mas, numa sociedade cada vez mais egoísta e desumanizada existem factores positivos, que têm de ser valorizados - simpatia, proximidade e atenção, para com o cliente.
Por motivos profissionais estou a morar numa pequena freguesia a poucas dezenas de quilómetros de Lisboa, por isso, neste momento sinto, por experiência própria, que se o pequeno comerciante desaparecer, nalgumas freguesias e pequenas vilas, é o consumidor que vai sofrer, porque tem de percorrer vários quilómetros para ir à cidade às superfícies comerciais.
Ao ver esta foto obtida pelo Pedro Cruz, um dia destes, na minha aldeia natal, interroguei-me a mim próprio: por quanto tempo ainda, teremos oportunidade de ver toda esta tranquilidade?..
A dona da mercearia a conversar, tranquila e despreocupadamente, com uma cliente, ou simples transeunte, à porta do estabelecimento!..
António Agostinho, o autor deste blogue, em Abril de 1974 tinha 20 anos. Em Portugal havia guerra nas colónias, fome, bairros de lata, analfabetismo, pessoas descalças nas ruas, censura prévia na imprensa, nos livros, no teatro, no cinema, na música, presos políticos, tribunais plenários, direito de voto limitado. Havia medo. O ambiente na Cova e a Gala era bisonho, cinzento, deprimido e triste. Quase todas as mulheres vestiam de preto. O preto era a cor das suas vidas. Ilustração: Pedro Cruz
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