António Agostinho, o autor deste blogue, em Abril de 1974 tinha 20 anos. Em Portugal havia guerra nas colónias, fome, bairros de lata, analfabetismo, pessoas descalças nas ruas, censura prévia na imprensa, nos livros, no teatro, no cinema, na música, presos políticos, tribunais plenários, direito de voto limitado. Havia medo. O ambiente na Cova e a Gala era bisonho, cinzento, deprimido e triste. Quase todas as mulheres vestiam de preto. O preto era a cor das suas vidas. Ilustração: Pedro Cruz
domingo, 25 de abril de 2010
Recordações de outro Abril (VIII)
Em Abril de 1974, “Portugal era um país anacrónico. Último império colonial do mundo ocidental, travava uma guerra em três frentes africanas solidamente apoiadas pelo Terceiro Mundo e fazia face a sucessivas condenações nas Nações Unidas e à incomodidade dos seus tradicionais aliados.
Para os jovens de hoje será talvez difícil imaginar o que era viver neste Portugal, onde era rara a família que não tinha alguém a combater em África, o serviço militar durava quatro anos, a expressão pública de opiniões contra o regime e contra a guerra era severamente reprimida pelos aparelhos censório e policial, os partidos e movimentos políticos se encontravam proibidos, as prisões políticas cheias, os líderes oposicionistas exilados, os sindicatos fortemente controlados, a greve interdita, o despedimento facilitado, a vida cultural apertadamente vigiada.”
António Reis - Portugal 20 Anos de Democracia
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1 comentário:
Desculpa meter-me onde não sou chamado, ou seja, na História. Mas penso que os partidos não eram proibidos. O único que continuou a existir é que foi proibido, ou seja, o PCP. Portanto, o PCP era proibido.
Os outros diluíram-se, ou seja, as classes por eles representadas integraram-se e enquadraram-se facilmente na situação.
A única classe que não se integrou foi a que trabalha.
Viva o 25 de Abril, ou seja, é bem preciso outro.
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