“José Eduardo Bettencourt foi claro na hora de assumir a presidência. Com ele, acabava o período da apatia racional e iniciava-se um ciclo novo. Um ciclo onde a paixão e a emoção teriam sempre um lugar especial.
Só assim se percebe a opção por Sá Pinto. Só assim se tornou aceitável a colocação de um elemento com um cadastro repleto por conflitos - mas de garra, raça, paixão, lá está - numa posição-chave na gestão do futebol profissional do Sporting.
Ao escolher Sá Pinto, Bettencourt escolheu um caminho muito perigoso. Escolheu o ardor em detrimento da serenidade; o coração em vez do cérebro; o tumulto no lugar da discrição.
Os mais optimistas clamavam que Sá Pinto era agora um homem diferente. Mais maduro, experiente, conciliador. Esqueceram-se que a essência é imutável. Perante uma situação de choque e provocação, Sá Pinto reagiria da forma que o fez: sem noção da responsabilidade.
O agora ex-dirigente leonino não é o único culpado. Liedson merece uma reprimenda das grandes e Bettencourt ganha com todo este escândalo uma lição gratuita. No futebol de hoje, a paixão não pode preencher e manietar o quotidiano de um clube profissional.”
Notas:
1. Como sportinguista, lamento que o Sporting Clube de Portugal seja uma agremiação sem rumo...
2. Ontem, dentro e fora dos relvados, a bola esteve em grande destaque no País.
Em circunstâncias normais, não ligo a escutas que não estejam em processos já públicos.
Não sei o que me deu, mas acabei de ouvir as que ontem deram que falar.
Estou arrependido.
Mais valia continuar a não ligar a escutas que não estejam em processos já públicos.
Fiquei com conhecimentos sobre a arbitragem, os dirigentes desportivos e até alguns jornalistas portugueses, que preferia continuar a ignorar...
António Agostinho, o autor deste blogue, em Abril de 1974 tinha 20 anos. Em Portugal havia guerra nas colónias, fome, bairros de lata, analfabetismo, pessoas descalças nas ruas, censura prévia na imprensa, nos livros, no teatro, no cinema, na música, presos políticos, tribunais plenários, direito de voto limitado. Havia medo. O ambiente na Cova e a Gala era bisonho, cinzento, deprimido e triste. Quase todas as mulheres vestiam de preto. O preto era a cor das suas vidas. Ilustração: Pedro Cruz
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