foto Pedro Cruz
Hoje, confirmaram-se as previsões do Instituto de Meteorologia de agravamento do estado do tempo e aí temos a chuva, o vento e o frio, nesta noite do Dia de Natal.
Em princípio, tal como escreveu, um dia destes, Carlos Narciso no seu blogue Escrita em Dia, pode aceitar-se que “ninguém é culpado se o vento sopra com demasiada força, se cai chuva a mais, se a temperatura desce mais do que o habitual. Mas alguém há-de ser culpado por se construírem estruturas débeis e em locais inapropriados, por não se mandarem limpar valas e leitos de cheia, por não haver planos que antecipem soluções para os danos previsíveis em caso de catástrofe. A incompetência pode ser criminosa e está, de resto, plasmada legalmente. Chama-se negligência dolosa.”
E são estas questões que o Carlos Narciso – e eu também - "gostava de ver tratadas nas reportagens sobre o mau tempo de hoje e ontem. Mas não, os jornalistas, hoje, preferem virar-se para a vítima e perguntar banalidades tipo "mas quando se apercebeu, o que é que ouviu?"... Ficamos a saber que a estufa do senhor tal ficou danificada, que a vivenda da dona tal ficou alagada, que a velhota do fundo da rua apanhou um grande susto, que não há luz em Torres Vedras, que ali ficou uma estrada cortada… mas nada sabemos quanto à eficácia e à eficiência dos serviços públicos ou privados que nos devem proteger e ajudar a ultrapassar este tipo de dificuldades. É pena e é mau jornalismo, mesmo se as imagens reais são interessantes. .”
Enquanto este mau jornalismo vai percorrendo o seu caminho, Jornalistas como o Carlos Narciso continuam com “saudades das redacções”.
Estranho país este!..
António Agostinho, o autor deste blogue, em Abril de 1974 tinha 20 anos. Em Portugal havia guerra nas colónias, fome, bairros de lata, analfabetismo, pessoas descalças nas ruas, censura prévia na imprensa, nos livros, no teatro, no cinema, na música, presos políticos, tribunais plenários, direito de voto limitado. Havia medo. O ambiente na Cova e a Gala era bisonho, cinzento, deprimido e triste. Quase todas as mulheres vestiam de preto. O preto era a cor das suas vidas. Ilustração: Pedro Cruz
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1 comentário:
Ontem discutimos a falta de qualidade do jornalismo televisivo, no decorrer de mais um telejornal da RTP1, dirigido por José Rodrigues dos Santos (há mais de 15 anos na RTP...). A falta de qualidade das reportagens é evidente e só não vê quem não quer, só não sente quem já não consegue sentir quase nada. Os jornalistas fazem as mesmíssimas perguntas de sempre "como se sente ? o que viu ?". Trata-se da vitória do mau jornalismo: populista, superficial e irrelevante.
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