Com a perda de influência das pescas e o desaparecimento de algumas fábricas, será que apenas resta à Cova-Gala escolher o modelo do crescimento do betão desordenado ligado ao Turismo, apontado no Plano de Urbanização, que vai a votação em breve na Câmara Municipal da Figueira da Foz?
Com uma eventual quebra do Turismo, não teremos o futuro irremediavelmente comprometido pelo planeamento apenas direccionado nesta dependência?
António Agostinho, o autor deste blogue, em Abril de 1974 tinha 20 anos. Em Portugal havia guerra nas colónias, fome, bairros de lata, analfabetismo, pessoas descalças nas ruas, censura prévia na imprensa, nos livros, no teatro, no cinema, na música, presos políticos, tribunais plenários, direito de voto limitado. Havia medo. O ambiente na Cova e a Gala era bisonho, cinzento, deprimido e triste. Quase todas as mulheres vestiam de preto. O preto era a cor das suas vidas. Ilustração: Pedro Cruz
2 comentários:
Qual a sugestão do autor?
“Qual a sugestão do autor?”
Permita que lhe diga, que esta pergunta é totalmente descabida, poiss não foi o autor que arranjou o problema presente, que é, nem mais nem menos, o maior e o mais monstruoso atentado à natureza e ao ambiente que jamais aconteceu na Freguesia de S. Pedro.
Não seria mais natural, que o autor do comentário anónimo, em vez de questionar o autor, se questionasse sobre o que está mal e deveria ser melhorado, e seja conivente com o silêncio dos partidos figueirenses, com a honrosa excepção dos vereadores independentes do PS, João Vaz e António Tavares?
Confesso que estou admirado, que não tenha sido dito, que o que está planeado é uma aposta numa espécie de ecoturismo, arquitectura leve sobre estacas, baixa densidade, nunca em altura, jamais ultrapassando o porte das árvores...
Confesso que estou admirado, com muitas pessoas do lado de cá, que se renderam a um “Plano de Urbanização, espécie de banco privativo, ao qual se vai recorrer para financiar actividades de gestão corrente, alienando património municipal e, pior, hipotecando a qualidade de vida dos figueirenses, neste caso muito em particular dos covagalenses.
Importa lembrar que, nos últimos dez anos, a recolha de IMI por parte desta autarquia aumentou cerca 400%, mas nem por isso aumentou o investimento estruturante ou diminuiu a dívida autárquica...”
Confesso que estou curioso para ver a muralha de prédios de 7 pisos ( se houver alguém que queira construir por cá uma espectacular unidade hoteleira (quem diz uma, diz várias, porque não?...) , poderá fazê-la com qualquer coisa como 17 ou 18 pisos... ) a avançar, cada vez mais próxima da água, deixando para trás, cercados e sem vistas, os indígenas da Cova-Gala.
Pelo que presumo, a erosão da costa não significa nada perante a ganância de quem finge não ver a destruição das dunas e a supressão de uma praia a quem a ela sempre teve direito.
Pode ser, quando os prédios forem maquilhados e pintados com as cores do folheto promocional, que talvez a gente comece a esquecer-se das praias roubadas e do "mar que é de quem o sabe amar". É provável que rapidamente a Cova-Gala do povo seja transformada numa espécie de condomínio privado de novos ricos e patos-bravos carentes de estatuto.
Pode acontecer, que em cada espaço vazio, surjam novos prédios até à exaustão...
Pode acontecer, que as dunas e cordões dunares sejam destruídos e a água comece a ameaçar com as marés e os temporais...
Pode acontecer que, depois, todas as obras de protecção da costa, a correcção dos erros e as demolições urgentes, sejam pagas por todos nós...
Será que não há alternativa a isto?
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