Foto António Agostinho
Da esplanada, a chuva, fria e intensa, vai deixando espreitar a praia, para poente, logo ali, com o mar como pano de fundo...
Nasci, cresci e sempre tenho vivido rodeado pela água. A nascente e a norte, o rio onde aprendi a nadar sozinho; a poente, mar duma beleza nunca repetida e as praias da Cova-Gala, duma beleza inigualável...
Praias que, hoje, já são procuradas por grandes interesses turísticos internacionais... O que é uma ameaça de degradação a ter na devida conta...
Não podemos, nem devemos, esquecer que a presença do homem, em massa, com o seu poder de destruição, já fez das suas em quase todo o litoral português. De norte a sul do nosso rectângulo, poucos locais devidamente preservados restam.
As praias da nossa Terra já têm modificações que cheguem.. Depois, estas belezas naturais, não se pintam, não se constróem, elas existem, para que possam ser admiradas e usufruídas, com o respeito que se deve ter por uma delicada flor...
Por isso, convém que sejam devidamente preservadas...
António Agostinho, o autor deste blogue, em Abril de 1974 tinha 20 anos. Em Portugal havia guerra nas colónias, fome, bairros de lata, analfabetismo, pessoas descalças nas ruas, censura prévia na imprensa, nos livros, no teatro, no cinema, na música, presos políticos, tribunais plenários, direito de voto limitado. Havia medo. O ambiente na Cova e a Gala era bisonho, cinzento, deprimido e triste. Quase todas as mulheres vestiam de preto. O preto era a cor das suas vidas. Ilustração: Pedro Cruz
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