António Agostinho, o autor deste blogue, em Abril de 1974 tinha 20 anos. Em Portugal havia guerra nas colónias, fome, bairros de lata, analfabetismo, pessoas descalças nas ruas, censura prévia na imprensa, nos livros, no teatro, no cinema, na música, presos políticos, tribunais plenários, direito de voto limitado. Havia medo. O ambiente na Cova e a Gala era bisonho, cinzento, deprimido e triste. Quase todas as mulheres vestiam de preto. O preto era a cor das suas vidas. Ilustração: Pedro Cruz
quarta-feira, 11 de abril de 2007
MONDEGO, VIA FLUVIAL
"Em 1868 tentou-se estabelecer uma carreira fluvial a vapor ligando a Figueira a Coimbra. A façanha voltou a ser tentada pelo cap. da marinha mercante Elísio Santos Fera, em 1872, pretendendo ligar a Figueira a Montemor e, no Inverno, a Coimbra. A pouca navegabilidade do rio e a sua dependência das marés nunca deixaram estes projectos chegar a bom porto.
A via fluvial era, no entanto, a utilizada para ligar as duas margens do Mondego. Havia uma linha que ligava o cabedelo ao cais da Figueira e que só desapareceu com a ponte e outra que ligava os Armazéns de Lavos ao mesmo cais, a qual utilizava o braço sul do rio e que era feita por dois barcos. Existiam ainda outras ligações fluviais como as que ligavam o Canal, a Barra e o Alqueidão à cidade. Do sul trazia-se vinho, leguminosas, batata, fruta, madeira e arroz.
O rio tinha permitido anteriormente a vinda até à foz, em barcos à vela, do produto dos vinhedos do Dão, das laranjas de Coimbra e dos tecidos da Covilhã, Mangualde e Guarda. Para o interior, os barcos levavam sardinha, bacalhau, sal, arroz e figos. Já com o século XX entrado ainda havia uma carreira que ligava Stº Varão à Figueira e que transportava entre cargas, os banhistas que acorriam à praia da Figueira."
In ALBUM FIGUEIRENSE
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