terça-feira, 13 de março de 2007

Carta da Martinha Lacerda sobre a (falta de ) saúde


Olá meus amigos:
Cá estou eu, mais a minha tia, a escrever esta carta no "portátil"... sim, que cá a Martinha, é uma velhota modernaça... Óh larila!..

Bom estejam bem de saúde, que eu cá vou andando como Deus quer!...
É que, a minha saúde, já teve melhores dias... Ou se teve!
Nos meus 85 anos, as maleitas são mais que muitas!... Sei bem as preocupações que tenho, as arrelias que sofro, o dinheiro que gasto em remédios... Sei bem do que me levou a escrever esta carta...
Meus amigos, a saúde é uma coisa séria. Quando vamos pra velhos é que o sabemos... Tudo nos chega!..
A saúde devia ser um direito. Devíamos ter acesso a um Serviço Público de Saúde moderno, eficaz e eficiente, que aumentasse a nossa esperança de vida, com bem-estar e qualidade.
A Constituição da República, aliás, consagra esse direito e define o Serviço Nacional de Saúde (SNS) como o instrumento fundamental da sua concretização.
Mas o que é que acontece na realidade: passando por cima do preço dos medicamentos, mais de 230 mil portugueses aguardam uma cirurgia; 1 milhão de portugueses não têm médico de família; 40% não utiliza os serviços de saúde, etc.
Isto, meus amigos, inferniza o nosso dia a dia. Tira-nos anos de vida. E, com a minha idade, o que começo a ter menos é anos de vida...
O Governo diz que não há dinheiro, mas nós os portugueses já pagamos – para além dos impostos – mais de 30% dos custos totais com a saúde, o valor mais elevado da União Europeia.
E, ou cá a Martinha está completamente enganada, ou a causa desta situação passa pelo recurso do estado a serviços privados e ao preço dos medicamentos.
A estratégia, até uma velhota como eu vê a olho nu, é libertar o Estado das suas responsabilidades e proporcionar aos privados apoderarem-se dos serviços de saúde públicos.
A carta já vai longa. Mas não se aborreçam comigo, vou terminar.
Mas não esqueçam e estejam atentos.
A saúde, meus amigos, é cada vez mais um bom negócio.
Senão olhem. O governo fecha. Os privados abrem.
Porque será?
Entretanto, como o saber não ocupa lugar, vejam aqui como nasceu o Serviço Nacional de Saúde.
Saúde para todos e até qualquer dia.
Martinha Lacerda

3 comentários:

Anónimo disse...

À espreita, os privados aproveitam os encerramentos na saúde.
Há que aproveitar portas abertas pela saída de serviços públicos. Mirandela, Vila Nova de Cerveira e Mealhada são três exemplos do interesse que operadores do sector privado e social demonstram pelo redesenhar do mapa de Saúde.
Às dúvidas sobre se poderá ser rentável oferecer serviços em concelhos populacionalmente deprimidos, os privados vão responder com a convicção de que "os operadores privados sabem encontrar soluções mais ágeis". Isto é, como sabem gerir, com o aumento dos preços. Paga sempre o mesmo, o Zé povo.
A procissão ainda vai no adro mas já deu para ver que "é um mercado que tem expectativas, mas alicerces muito frágeis". Exemplo dissoé a actividade das misericórdias que já criaram uma "holding" mas "continuam com dificuldade em enfrentar a pressão e a tendência de concentração".
Isto não está bom, mas vai piorar ai vai vai....
Anda tudo a ver as telenovelas!...
Continuai. Continuai.......

Anónimo disse...

Ai ti martinha ti martinha, os despois não querem que digamos que os politicos são todos iguais...
Veja o que dizia o PS na oposição:

«Discordo profundamente. O que o primeiro-ministro anunciou
não são taxas moderadoras diferenciadas mas um aumento das
taxas moderadoras». «Na prática, é um novo imposto sobre a
saúde, o que me parece muito errado e um motivo de grande discordância».
José Sócrates, Setembro de 2004,
sobre o aumento das taxas moderadoras
pelo governo do PSD/CDS(PP).

«O argumento é sedutor, antigo mas falacioso: por que razão um
milionário português paga o mesmo que o motorista da minha
escola, para fazer uma operação às coronárias, ou seja, nada?
Daqui até ao argumento do utilizador-pagador vai um pequeno
passo».
Correia de Campos, Setembro de 2004,
sobre a mesma proposta.

È só comparar com o que o PS faz agora que está no Governo.
Claro, tudo em nome da racionalização dos custos!...

Anónimo disse...

Ó Dona Martinha não se aflija tanto mulher! A gente tem uma estratégia montada vamos ficar rijas como um pêro e os tipos vão à falência em três tempos. Até agora só via as velhotas e velhotes a queixarem-se, quando souberem que só para tirar um "bico de papagaio" ou um joanete tem que pagar para cima de um dinheirão ficam logo bons! Vai ber! Ficamos o país mais saudável da Europa e arredores. ólari e quem lho diz é cá a