António Agostinho, o autor deste blogue, em Abril de 1974 tinha 20 anos. Em Portugal havia guerra nas colónias, fome, bairros de lata, analfabetismo, pessoas descalças nas ruas, censura prévia na imprensa, nos livros, no teatro, no cinema, na música, presos políticos, tribunais plenários, direito de voto limitado. Havia medo. O ambiente na Cova e a Gala era bisonho, cinzento, deprimido e triste. Quase todas as mulheres vestiam de preto. O preto era a cor das suas vidas. Ilustração: Pedro Cruz
quarta-feira, 28 de março de 2007
“Canal da morte”..... finalmente interdito
“Canal da morte”, foi assim que na segunda-feira, enquanto estava a decorrer a aparatosa encenação da passagem dos botes do portinho da Gala para o porto de pesca, um velho pescador da minha Terra baptizou este canal maldito, amaldiçoado, execrando, funesto, perverso, molesto, incómodo, prejudicial, nocivo, enfadonho, árduo, escabroso, melindroso, trabalhoso, custoso, complicado, intrincado, obscuro, penoso, improvável, perigoso, custoso de compreender e intransitável...
A “boca do inferno”, como outro velho pescador lhe chamou, na mesma tarde e no mesmo local, finalmente, por razões de segurança, foi interdita à navegação.
Foi o remendo encontrado, por contrariarem o rio, contra a sua vontade.
Mas, um dia, o rio vai continuar a correr em liberdade..
Não se pode contrariar por todo o tempo a força da gravidade.
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1 comentário:
O velho costume português: Casa roubada, trancas à porta.
Mas a culpa do assassínio por negligência de duas pessoas não deve ficar impune, apesar de estarmos num país onde a culpa é, tem sido, sempre solteira.
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