António Agostinho, o autor deste blogue, em Abril de 1974 tinha 20 anos. Em Portugal havia guerra nas colónias, fome, bairros de lata, analfabetismo, pessoas descalças nas ruas, censura prévia na imprensa, nos livros, no teatro, no cinema, na música, presos políticos, tribunais plenários, direito de voto limitado. Havia medo. O ambiente na Cova e a Gala era bisonho, cinzento, deprimido e triste. Quase todas as mulheres vestiam de preto. O preto era a cor das suas vidas. Ilustração: Pedro Cruz
sábado, 26 de agosto de 2006
Esperança
Foto PEDRO CRUZ
Cova-Gala foi sol que me deu o ser
vida , sonhos, tempo, espaço.
Dos que partiram herdei o laço
Do que estou a viver.
Terra grande, mas...pode fazer sofrer
quem, como eu, não acertar o passo!...
Cova-Gala é, num traço
simples.. razão para permanecer.
Pode ser tudo: vida, colo, sofrimento.
Pode ser mais: orgulho, confiança
paz, alegria, amor, sentimento.
Terra, é tradição, passado, herança!
Cova-Gala, é o momento!
São Pedro, é o futuro com esperança!
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
12 comentários:
Está uma verdadeira obra de arte, simples, único e verdadeiro, faço parte desse sentimento. Os meus sinceros parabéns ao autor, é poesia! Muito bom!
é assim mesmo!!!!
grande poema...
viva São Pedro!!!
Por vezes, certos pormenores de tão habituais, nem damos conta deles. Por exemplo: olhamos para uma senhora a sacudir o pano do pó à janela. À primeira vista, trata-se de um gesto sem significado. Mas, se pensarmos bem, o que é que esta senhora está realmente a fazer? Está a retirar o pó da sua casa e a despejá-lo no mundo, para o ar que todos nós respiramos.
O contrário é este poema do agostinho. Visa tirar a poeira do mundo e colocá-la na sua janela.
Beijo
E ?
Recolhido em meu pensamento
Eu, para aqui, na tasca da “Hesbolina”
Descansando à sombra de um belo momento
Degusto, ébria e rubra, essência “tanina”.
Percorro este teu belo soneto, amigo
Ode de amor à terra que é a tua.
Hino de glória a este povo antigo
E à aventura que tem sido a vida sua.
… Sorrio e ergo meu copo neste momento.
Vislumbro-o, como que por um postigo,
E nem por um segundo eu lamento
Esta herança, tu sabes, … amigo
Que vem de trás, do mar, do sal e do vento
E que trago, para sempre, comigo.
“Linguarão de Canudo”
A maior musa inspiradora é sempre o lugar onde lançámos as nossas âncoras. É o recanto que reconhecemos em todos os momentos.
É o cais que nos amarra e de que temos saudade desde que lhe sentimos a primeira brisa.
E o pior é quando sabemos que assim é, mas vogámos, com a vida, para outras paragens.
O que é a vida afinal?
É uma opção?
É uma escolha?
É uma obrigação?
Ou é algo que acontece sem pedir licença a ninguém ou coisa alguma?
Se assim for é uma obrigação, uma imposição.
Temos de a carregar durante e enquanto ela quiser.
E qual é o nosso papel nisto tudo?
Se a vida existe por vontade própria
e não depende da nossa, o que nos cabe então?
Provavelmente, salvo melhor opinião,
cabe-nos o papel de a rechear com o que bem entendermos.
Recheá-la de amizades e de amigos...
É uma boa opção.
É uma boa escolha.
Devia ser mesmo uma obrigação.
Mas, quando ela decide, inapelavelmente, hoje,
terminar
sem perguntar a opinião do meu amigo ...
Fica a obrigação de dizer que...
Hoje, morreu-me um amigo!
Porque... ele permanece!
Até sempre Remígio.
jp
JP:
Fica um poema de Francisco Buarque da Holanda, com a minha solidariedade
Solidão não é a falta de gente para conversar, namorar, passear ou fazer sexo.....
Isto é carência.
Solidão não é o sentimento que experimentamos pela ausência de entes queridos
que não podem mais voltar..... Isto é saudade.
Solidão não é o retiro voluntário que a gente se impõe, às vezes, para realinhar
os pensamentos.....Isto é equilíbrio.
Solidão não é o claustro involuntário que o destino nos impõe compulsoriamente
para que revejamos a nossa vida.....Isto é um princípio da natureza.
Solidão não é o vazio de gente ao nosso lado..... Isto é circunstância.
Solidão é muito mais do que isto.
Solidão é quando nos perdemos de nós mesmos e procuramos em vão pela nossa
alma .....
GRANDEZA DO HOMEM
Somos a grande ilha do silêncio de deus
Chovam as estações soprem os ventos
jamais hão-de passar das margens
Caia mesmo uma bota cardada
no grande reduto de deus e não conseguirá
desvanecer a primitiva pegada
É esta a grande humildade a pequena
e pobre grandeza do homem
Rui Belo
Original é o poeta
que se origina a si mesmo
que numa sílaba é seta
noutro pasmo ou cataclismo
o que se atira ao poema
como se fosse um abismo
e faz um filho ás palavras
na cama do romantismo.
Original é o poeta
capaz de escrever um sismo.
Original é o poeta
de origem clara e comum
que sendo de toda a parte
não é de lugar algum.
O que gera a própria arte
na força de ser só um
por todos a quem a sorte faz
devorar um jejum.
Original é o poeta
que de todos for só um.
Original é o poeta
expulso do paraíso
por saber compreender
o que é o choro e o riso;
aquele que desce á rua
bebe copos quebra nozes
e ferra em quem tem juízo
versos brancos e ferozes.
Original é o poeta
que é gato de sete vozes.
Original é o poeta
que chegar ao despudor
de escrever todos os dias
como se fizesse amor.
Esse que despe a poesia
como se fosse uma mulher
e nela emprenha a alegria
de ser um homem qualquer.
Enorme Ary dos Santos
Único.
Boa escolha, Português Suave.
Lindo o teu poema!Poema de alguém, que amando a sua terra, jamais descorará as suas raízes, o seu sangue, aqueles que um dia partiram, deixando contigo bocados de história de uma vida dura,ardua,mas tão rica de vivências...
Prima
Enviar um comentário